São Paulo, sábado, 23 de abril de 1994
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Ameaçado de prisão, Walmir Brum prepara estratégias para se defender

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O tenente-coronel Walmir Brum já está articulando sua estratégia de defesa judicial, frente a hipótese de que seja preso pelo Comando da PM do Rio.
O advogado paulista Pedro Lazarini Neto deve prestar assessoria gratuita ao tenente-coronel. Lazarini telefonou ontem para a casa de Brum.
Ele vai remeter ao militar, na semana próxima, um dossiê sobre como deve ser articulada a defesa.
A estratégia, caso Brum seja preso, é a de entrar na Justiça com três ações.
Uma ação penal tentaria caracterizar abuso de autoridade cometido pelos oficiais que afastaram Brum.
Uma ação cível pediria ressarcimento por perdas causadas pelo seu afastamento.
Outra ação, administrativa, pediria a devolução do cargo de Brum na Polícia Judiciária.
O dossiê a ser recebido por Brum mostra defesas feitas em favor de dois militares de São Paulo, também afastados de seus cargos, pelo Estado, depois de terem denunciado irregularidades.
O primeiro caso que Brum deve receber é o do tenente-coronel Fernendo Balesteiro, 48. Ex-diretor do Departamento de Telecomunicações da PM paulista, Balesteiro foi afastado depois de ter denunciado irregularidades na PM.
Ele é a principal testemunha de acusação no inquérito que investiga importação irregular de US$ 310 milhões em equipamentos de Israel para a polícia, na gestão de Orestes Quércia.
O outro caso a ser remetido a Brum é o do tenente José de Mellin. Ele teria sido afastado da PM paulista e preso por ter investigado o tenente-coronel Ubiratan Guimarães.
Guimarães foi denunciado pela Justiça Militar sob acusação de ser o responsável pelo chamado "Massacre do Carandiru"' –morte de 111 presos, na Casa de Detenção de São Paulo, em 1992.
O comando da PM espera até terça-feira a conclusão da sindicância aberta para verificar seBrum vazou ou não para imprensa nomes de políticos da lista do bicho.
Segundo o tenente-coronel Cylênio Espírito Santo, chefe de Relações Públicas, Brum continua sendo o principal suspeito do vazamento e na próxima terça-feira pode ter sua prisão decretada.
"A impressão é que a PM está impedindo um militar honesto de trabalhar", afirmou Cylênio.
(CJT)

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