São Paulo, sábado, 23 de abril de 1994
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A Igreja missionária

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Foi esta a tônica que marcou, em Itaici, a 32ª Assembléia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Estudamos os principais desafios da hora atual: o anúncio de Jesus Cristo, além de nossas fronteiras àqueles que não o conhecem, maior colaboração com a Amazônia e regiões carentes, evangelização nas cidades e pelos meios de comunicação, especial atenção à juventude.
O novo ardor missionário há de animar especialmente os leigos, que se encontram presentes nas mais variadas situações. Uma das conclusões frutuosas da assembléia é o novo interesse em assumir o programa de "igrejas-irmãs" que une dioceses de maior clero e recursos àquelas que lutam com dificuldades, mas cuja fé viva poderá revitalizar a prática desta, onde se enfraqueceu.
Para dinamizar a ação missionária no Brasil, os bispos apresentaram propostas que serão, agora, oferecidas às comunidades. Na festa de Pentecostes, a 22 de maio, abre-se o "Ano Missionário", em preparação ao Comla V –Congresso Missionário Latino-Americano, que atrairá a Belo Horizonte, em julho de 1995, representantes dos países de nosso continente.
De que outros assuntos tratou a assembléia?
Foram atualizadas as "diretrizes de formação presbiteral" que se destinam a assegurar o adequado desempenho dos seminários e a formação permanente do clero. Nota-se um progressivo aumento de vocações sacerdotais de nossa pátria. Esse texto, de 199 parágrafos, recebeu aprovação por unanimidade de votos.
A Comissão Teológica analisou, ao tratar do tema "A Moral Cristã", a sintonia entre a última encíclica do papa "Veritatis Splendor", o catecismo católico e o documento da CNBB, nº 193, "Ética: Pessoa e Sociedade", insistindo na imprescindível prioridade das normas éticas e da formação da consciência moral, para a vida das pessoas e para a convivência social. Sem a superação da crise ética, as atuais mudanças sociais e culturais não poderão conduzir a uma sociedade justa e fraterna.
Analisou-se, ainda, o novo "Diretório Ecumênico", publicado agora no Brasil, e que muito ajudará para o caminho da união entre cristãos.
A assembléia elaborou duas declarações de cunho pastoral: a primeira sobre o momento sócio-político com o título "A hora de grande decisão", aludindo ao exercício consciente do voto e lembrando que "a Igreja como instituição, para preservar sua unidade, não opta por partido, mas oferece princípios e exigências éticas".
A segunda é a mensagem sobre a prevenção da Aids e seus aspectos morais, bem como o compromisso de solidariedade humana e cristã com as vítimas dessa implacável enfermidade.
Os meios de comunicação social não nos ofereceram a satisfação de noticiar com objetividade a amplitude dos temas tratados e seu alcance pastoral em bem do povo, insistindo, pelo contrário, em divulgar a imagem destorcida de uma Assembléia exclusivamente preocupada com política partidária. A realidade, graças a Deus, foi bem outra. Nesses dez dias de oração e trabalho, cresceram em nós a colegialidade episcopal e o zelo em assumir o compromisso missionário.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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