São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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Laboratório fornece AZT mais barato

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O Lafepe (Laboratório Farmacêutico de Pernambuco) entrega neste mês sua primeira remessa de AZT à Ceme (Central de Medicamentos do Ministério da Saúde).
O Lafepe é o único laboratório oficial do país que fabrica o produto, utilizado no tratamento de portadores do vírus da Aids.
A Ceme é o órgão encarregado de fornecer o AZT aos Estados para distribuição gratuita por meio das secretarias de saúde.
Ao todo, 30 milhões de cápsulas deverão ser entregues neste semestre, metade a partir desta semana.
Por não visar lucros, o Lafepe consegue comercializar o medicamento a preços mais baixos, afirma seu presidente, Walter Farias.
Segundo ele, a caixa com mil comprimidos é vendida à Ceme por US$ 60, preço 40% inferior ao dos laboratórios privados.
O presidente do Sindicato das Farmácias de Pernambuco, Haroldo Hostalacio Lasmar, 59, confirma que o preço do AZT fabricado pelo Lafepe é em média 40% inferior aos dos laboratórios privados.
Para a fabricação do AZT, o Lafepe, estatal do governo de Pernambuco com pequena participação privada, investiu US$ 100 mil.
Os recursos, disse Farias, foram direcionados basicamente para a compra de maquinário específico.
Os equipamentos podem fabricar até 100 mil cápsulas/dia. A produção atual é de 80 mil.
Com a perspectiva de um novo contrato de compra de 240 milhões de comprimidos pela Ceme, o Lafepe quer atingir sua capacidade máxima em maio.
A produção do AZT envolve 36 funcionários, divididos em três turnos. Ao todo, o laboratório emprega 438 pessoas.
Também trabalham na empresa 140 meninos de rua. Eles atuam em setores onde não há manipulação de medicamentos.
Os garotos operam nas fábricas de óculos e escovas de dentes, criadas pelo Lafepe para atender os programas sociais do governo.
Eles recebem salário mínimo por quatro horas de serviço. Ajudam a fabricar 400 óculos por dia e mil escovas de dentes por mês.
Além de industrializar o AZT, o laboratório produz também uma linha própria de medicamentos.
Segundo o presidente da estatal, são produtos populares, com preços subsidiados em até 40%.
Essa linha inclui expectorantes, antibióticos e analgésicos...

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