São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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Ala sindical do partido quase desapareceu

DA REDAÇÃO

A migração de políticos da extinta Arena para o PSDB evidencia a mudança no perfil do partido, com o crescimento de sua ala conservadora em detrimento da ala mais à esquerda.
Essa mudança constitui o fundamento da aliança PSDB-PFL. Alguns indicadores da transformação podem ser encontrados na composição da bancada.
Em 1989, pouco depois da fundação do partido, cinco parlamentares (10% da bancada) tinham atuado em sindicatos ou associações de servidores públicos.
Essa base sindical já era um tanto restrita para um partido que se autodenominava "social-democrático". O problema é que, após as eleições de 90, dos cinco deputados –Hermes Zanetti, Vicente Bogo, Célio de Castro, Geraldo Campos e Edmundo Galdino–, só o último permanecia na bancada.
Em contrapartida, a proporção de empresários no partido, que era de 22%, hoje alcança a marca de 54%. É o caso, entre outros, do deputado Sérgio Machado (Villejack Jeans), do senador Teotônio Vilela Filho (Mata Verde Agropecuário, Usina Seresta), do senador Albano Franco (presidente da Confederação Nacional da Indústria).
Essa mudança no perfil social da bancada não ocorreu no maior partido conservador, o PFL, nem no PT, partido de esquerda.
As proporções de empresários e sindicalistas em ambos permanecem praticamente estáveis, embora suas bancadas tenham sofrido fortes variações. O mesmo não ocorreu com o PSDB que, desde 1989, vem se afastando do PT e se aproximando do PFL.
A "arenização" do PSDB pode ser avaliada pela força de sua ala esquerda. Em 89, ela impediu que Roberto Magalhães (hoje no PFL) fosse indicado vice de Mário Covas. Foi indicado um nome do próprio partido, Almir Gabriel.
Hoje, porém, o que restou dessa ala esquerda já não tem força para impedir uma coligação com o PFL –e nem a indicação de Luís Eduardo para vice de FHC.

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