São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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Eleitorado de esquerda transferiu votos ao PT

DA REDAÇÃO

O esfacelamento da ala esquerda do PSDB ocorreu nas eleições de 1990. A maioria dos membros desse bloco, que se denominava Movimento de Unidade Progressista (MUP), não obteve a reeleição.
Uma análise da votação mostra que o PSDB perdeu parte de seu eleitorado de esquerda para o PT. No Rio Grande do Sul, os tucanos do MUP tinham dois deputados: Hermes Zanetti, ligado aos professores, e Vicente Bogo, aos trabalhadores rurais. Não se reelegeram.
Pelo PT, foram eleitos, entre outros, Raul Pont (ligado aos professores) e Adão Pretto (trabalhadores rurais). O mesmo ocorreu em outros Estados.
Outros indicadores mostram o enfraquecimento da esquerda tucana. Durante o Congresso constituinte, a bancada do PSDB se alinhava com as posições do PT.
Como a revisão constitucional não decolou, não é possível saber como o partido votaria hoje. No entanto, é possível recalcular as notas dadas pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) aos congressistas que participaram da Constituinte.
As notas indicavam o grau de identificação dos parlamentares com as posições dos sindicatos. A média da bancada do PT era de 9,90; do PFL, 2,26; PSDB, 8,14.
Refazendo os cálculos com base nos parlamentares restantes, verifica-se que a média do PT sofreu um pequeno desvio à esquerda (subiu para 9,95), a do PFL teve um desvio para a direita (caiu a 1,68) e a do PSDB sofreu um desvio maior para a direita (caiu a 6,68).
Outro sinal da mudança é a convivência entre os dois partidos no governo. O PSDB nasceu anti-governista: fazia oposição ao governo José Sarney (apoiado pelo PFL) e aos governadores. A expressão política desse anti-governismo era a defesa do parlamentarismo.
Em 92, porém, esse perfil começou a mudar: dois membros do partido (Celso Lafer e Hélio Jaguaribe) passaram a integrar o ministério Collor. Após o impeachment, os dois partidos passaram a conviver no governo Itamar.

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