São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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Máquina de videobicho é liberada em Pernambuco

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Máquina de videobicho éliberada em Pernambuco
Jogo é permitido pela Justiça dos Feitos da Fazenda
Pernambuco é o único Estado do Brasil onde o videobicho e o videopôquer funcionam sem risco de qualquer repressão policial.
As atividades, consideradas contravenção no resto do país, são liberadas por decisão da Justiça dos Feitos da Fazenda.
O governo recorreu da sentença, de julho de 93, mas até hoje aguarda decisão do Tribunal de Justiça do Estado.
Segundo o advogado dos empresários do videopôquer, Herbert Lima, 44, as duas atividades movimentam cerca de US$ 1 milhão por ano.
Só na região metropolitana de Recife, segundo ele, existem cerca de 700 máquinas de videopôquer e 2.000 de videobicho em operação.
Mais populares, os aparelhos de videobicho estão espalhados pela cidade. As casas lotéricas administram a maioria deles.
O videopôquer ganhou uma clientela diferenciada. As casas lembram cassinos e levam nomes como "Royal Flash" e "Good Look".
Os estabelecimentos se concentram nos bairros nobres. O ambiente é o de um "fliperama de butique". As máquinas ficam uma ao lado da outra. Há lojas que têm até 50 aparelhos.
Os donos do negócio não dão entrevistas. Alegam que não querem criar polêmica, como a de 28 de junho de 93, quando a polícia apreendeu 51 máquinas e prendeu 19, entre eles um procurador e um advogado.
Eles foram liberados após pagamento de fiança. Um mês depois, a Justiça deu sentença favorável aos empresários.
Para o secretário de Segurança do Estado, Augusto Costa, há vinculação entre os videojogos e o jogo do bicho do Rio e de São Paulo.
As evidências, diz, são duas: a procedência das máquinas, "todas do Rio e de São Paulo", e a informação de que o bicho carioca começa a se estabelecer no Estado.
O secretário quer evitar que o bicho pernambucano seja "contaminado". O bicho no Estado é uma atividade liberada. O resultado dos sorteios é divulgado no rádio.
O administrador de empresas José Manoel Mendonça, 41, joga videopôquer três vezes por semana e já chegou a gastar CR$ 1 milhão em uma noite.
Mendonça diz que o máximo que ganhou foi CR$ 700 mil.
O empresário Emmanoel Mayrink de Souza, 21, diz que só aposta em dólar e gasta até US$ 500 por dia.
Ele diz que perde mais do que ganha. "Venho aqui mesmo para me divertir", afirma.

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