São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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Metalúrgica gaúcha espera crescer 40%

Implantação da qualidade trouxe maior produtividade, menor rejeição de peças e melhor ambiente de trabalho

Filhos de uma família de agricultores, os irmãos Geremia trocaram a zona rural pela cidade e decidiram fabricar redutores de velocidade, em Bento Gonçalves (RS). Hoje, a Metalúrgica Geremia Ltda. lidera esse negócio no Estado.
Os sete irmãos, que se criaram vendo os pais plantar milho, inauguraram em 1973 uma oficina de manutenção para máquinas da indústria de móveis, que continham redutores de velocidade fabricados em São Paulo ou em Porto Alegre.
Entre 86 e 87, os Geremia, que continuam juntos, se lançaram na fabricação de redutores de velocidade, equipamentos que, como diz o próprio nome, servem para reduzir a velocidade de máquinas, aumentando a potência (o elevador é um exemplo de mecanismo que utiliza redutor de velocidade; se não usasse, a velocidade do motor faria com que a cabine não parasse no local certo). Atualmente, a Geremia produz mil peças por mês. Cerca de 10% destinam-se à exportação para países como Argentina e Guatemala. Outros clientes externos estão na mira. O faturamento previsto para 94 é de US$ 2,6 milhões.
Essa meta corresponde a um crescimento de 40% sobre o desempenho obtido em 93, ano em que a metalúrgica deu "um grande passo", na opinião do seu diretor de produção Sérgio Antônio Geremia, 39. Ele disse que o "horizonte se abriu" em 93 com a implantação do Programa Qualidade Total.
Ele, que estudou até o segundo grau, e o irmão Olavo, engenheiro mecânico, frequentaram um curso de 300 horas sobre qualidade, ministrado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas). Os conhecimentos foram retransmitidos aos 62 funcionários da metalúrgica, que funciona em dois pavilhões de 5.000 metros quadrados de área total.
Os efeitos dos mandamentos da qualidade logo apareceram. A rejeição de peças "na rua", como diz Sérgio Geremia, que chegou a ser de 3%, não passa no momento de 1%. A produtividade aumentou cerca de 40%. "Passamos a ver a qualidade como o primeiro ponto. Hoje não existe funcionário que entre de cabeça baixa na empresa".
Segundo o diretor de produção, a convivência melhorou entre os funcionários, que costumam discutir os problemas em reuniões por setor da metalúrgica. O ambiente físico também se transformou com a colocação de floreiras. Cada funcionário se responsabiliza pela limpeza do seu local de trabalho, o que levou à eliminação do serviço de faxina.
"A qualidade de vida está interligada à qualidade da peça que fabricamos", diz Sérgio Geremia, habitual aluno de cursos de especialização em mecânica na região de São Paulo. Olavo já frequentou curso em Turim (Itália), onde visitou empresas dotadas de alta tecnologia.
Um redutor de velocidade, de tamanho médio, leva de 50 a 60 componentes, alguns dos quais a própria metalúrgica fabrica. As peças exigem "bastante técnica", diz Geremia. Cada uma consome em torno de dez dias para ficar pronta. "Temos uma boa usinagem e vamos lutar para reduzir esse prazo", diz o diretor.
Empresa: Metalúrgica Geremia Ltda.
Ramo: fabricação de redutores de velocidade
Antes: rejeição de peças de 3%
Depois: rejeição de peças de 1%; aumento de 40% na produtividade; melhor convivência entre os funcionários

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