São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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Campeonato tem hoje rodada de fogo

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Esta é mais uma rodada de fogo, na qual São Paulo e Corinthians podem incinerar ou incensar suas esperanças.
O Corinthians, desde que passou a contar com Casagrande, despencou. Três derrotas seguidas, uma sequência azarada que contraria a lei invocada por Carlos Alberto Silva, a de que um time grande não perde três de enfiada. Perdeu. Culpa de Casão? Claro que não. Foram tantas as circunstâncias que intervieram em cada derrota que produziriam um livro. Resumindo, porém, o Corinthians é um time que dispõe de muitas e boas alternativas do meio-campo pra frente. E absolutamente nenhuma na zaga, incluindo-se aqui os laterais. Além do mais, queima suas energias numa fogueira de vaidades, que Mário Sérgio mantinha em cinzas e que Carlos Alberto parece ter deixado alastrar-se.
Hoje, contra um Santos animado pelo fenômeno Serginho Chulapa, que segue sendo como técnico um espetáculo à parte, como era como jogador (Sérginho reclama de seu time com os repórteres, com os PMs da vizinhança, com o torcedor do alambrado, solta frases antológicas, como se estivesse à beira de um campo de várzea; e a coisa funciona), o Corinthians está em situação delicadíssima.
É a hora da virada. Ou da entrega.
Já o tricolor, contra o traiçoeiro América, tem a grande chance de redimir-se dos pontinhos que perdeu. Uma vitória diante de tão perigoso adversário certamente reacenderá a chama de campeão.
E a presença do menino Jamelli, no lugar de Palhinha, pode ser o toque mágico dessa empreitada. Mas o sinal foi dado há duas rodadas, quando Telê escalou Axel na lugar de Doriva e o São Paulo desenvolveu um primeiro tempo (até a expulsão de Palhinha), pela primeira vez neste campeonato, um futebol compatível com os grandes momentos do bicampeão mundial. Axel, lá atrás, faz tudo o que Doriva faz, com uma dose extra de talento na entrega da bola. Mas...

Parreira continua batendo cabeça com Zagalo. Eles querem achar a solução para o insolúvel: alguém que substitua o atual inerte Raí com os poderes do múltiplo e talentoso Raí de tempos atrás. Não há.
O nó da questão está na formação do meio-campo, sobretudo em Zinho. A verdade é que a dupla Parreira-Zagalo não sai do círculo vicioso que é a armação do meio-campo convencional, com dois ou um volante e dois ou três meias, cada um destes com funções específicas. Ecos ainda dos anos 70, quando a presença de Gérson exigia uma parceria específica atrás e dos dois lados.
Naquele tempo, o meio-campo era o centro de atração do jogo, onde, cerebralmente, se definia uma partida. Hoje, o meio-campo, pelo congestionamento monstruoso criado, é um corredor, uma passagem.
E o atalho tem nomes –Cafu e Mazinho, nas duas meias, combinando com Jorginho, pela direita, e Leonardo pela esquerda, pois Branco realmente não dá mais, a não ser na meia, disputando com Mazinho. Fazendo o pião, a partir da intermediária, para se juntar ao ataque de Bebeto e Romário, alguém como Viola, que, por sinal, foi o único a dar um toque pessoal no fatídico jogo de Paris.

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