São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Soldados dos EUA não sentem perigo na Coréia

USA Today
De Arlington

STEVE KOMAROW

Se a Coréia do Norte enviar seu Exército de 1 milhão de homens contra a Coréia do Sul, eles serão alvo de bombas, mísseis Scud, morteiros e balas –possivelmente até mesmo explosões nucleares.
Mas os soldados americanos da base aérea de Osan, na Coréia do Sul, acham que o pessoal de casa, nos Estados Unidos, está preocupado demais, sem razão.
"Minha mulher, nos EUA, está preocupada por causa das notícias que saem na imprensa", diz o capitão da Força Aérea Pat Lee, de Shreveport, Louisiana, que pilota um jato Warthog A-10. "Mas nós aqui não temos essa sensação".
O sargento Wayne Jones, de Kearny, Nova Jersey, que faz parte de uma equipe de resgates em helicóptero, diz que precisou acalmar sua mulher.
Ele acha que para os norte-coreanos terem qualquer chance de vencer, "teriam que atacar durante o Natal ou na final do campeonato de futebol (americano)".
As notícias veiculadas recentemente pela imprensa, detalhando a disputa internacional sobre o programa de bomba nuclear da Coréia do Norte e o aumento e fortalecimento de suas forças de artilharia não foram muito imprecisas.
Esta semana, na base de Osan, os soldados estavam montando baterias de mísseis Patriot, para ajudar a manter a pista aérea em funcionamento, caso aconteça o pior.
A chegada dos Patriots foi vista como mau sinal por alguns familiares dos militares americanos, que os acompanham na base. Alguns familiares chegaram a retornar aos EUA.
Mas os militares parecem compreender que tudo isso faz parte de um processo contínuo, um estado de antagonismo com que os militares americanos e sul-coreanos vêm lidando desde o fim da guerra da Coréia, em 1953.
Perto da fronteira, ao longo da zona desmilitarizada, equipes de soldados sul-coreanos caminham lentamente ao longo das cercas de arame farpado, procurando possíveis falhas. Armadilhas de tanques estão prontas para explodir.
Embora ambos os lados possam estar mais preparados do que nunca para a guerra, não há incidente armado desde maio de 1992, quando três soldados norte-coreanos foram mortos –dois deles possivelmente por suicídio, para evitar serem capturados.
"Nada mudou para os soldados", diz o capitão do Exército Kevin Warren, de Richmond, Virginia, que faz parte das forças de segurança em Pan Mun Jom.
"Não estamos mais assustados ou nervosos do que normalmente. Estamos no mesmo estado de prontidão dos últimos 40 anos".
O tenente-coronel Ed Kasl, comandante do 36º Esquadrão de Caças da Força Aérea, diz que pensa muito sobre a situação norte-coreana –em parte porque "recebemos muitos telefonemas de parentes".
Mas o capitão, ao lado de seu F-16 carregado de bombas, diz que não acha "que o nível de tensão esteja tão alto assim. Ainda vamos chutar a bola política para lá e para cá por algum tempo".
O capitão Roger Oerter, de Chicago, que pilota um helicóptero de resgate com Jones, expressa a confiança que muitos soldados sentem –de que a Coréia do Norte irá entregar os pontos.
"Estive na Alemanha quando caiu o muro de Berlim", diz ele, "e espero estar por aqui quando isto chegar a um fim pacífico".
Tradução de Clara Allain

Texto Anterior: EUA fazem dia de luto por Nixon
Próximo Texto: Leste deixa para trás a recessão pós-comunista
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.