São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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Leste deixa para trás a recessão pós-comunista

REGINA CARDEALDA REDAÇÃO
DA REDAÇÃO

Leste deixa para trás a recessão pós-comunista
REGINA CARDEAL
Os países da Europa do Leste e Central começam a decolar. Este ano deve marcar o fim da depressão do pós-comunismo.
Os institutos internacionais revêem seus dados e apostam em crescimento modesto –em torno de 1%– para a economia da região em 1994.
A previsão otimista não inclui a "baleia" Rússia e ex-repúblicas da União Soviética, onde a derrocada econômica continua.
Como futuros tigres do antigo bloco socialista despontam Polônia, República Tcheca, Eslovênia e Hungria.
Falta chão, no entanto, para os quatro países do centro-leste europeu chegarem perto da performance das estrelas asiáticas. Inflação e desemprego continuam elevados.
Mais do que isso: as bases para o bom funcionamento do mercado no Leste não estão dadas, opina o Nobel de Economia de 1993, o norte-americano Douglass North.
Faltam um sistema judiciário confiável e um bom sistema educacional, diz. "Ou seja, falta tudo o que faz funcionar bem a mão invisível do mercado", alerta North.
Apesar disto, os investidores internacionais parecem confiantes na recuperação e no retorno que terão nestes países.
Um indicador confiável é o montante aplicado diretamente na produção –o chamado investimento direto.
No ano passado, os investimentos estrangeiros diretos na Polônia somaram US$ 600 milhões.
O país superou até o Brasil, a nona maior economia do mundo, que fechou 1994 com US$ 477 milhões líquidos em capital estrangeiro aplicado na produção. O dado é do Banco Central.
Também prova da confiança internacional é o montante que o governo húngaro conseguiu levantar no mercado externo: US$ 3 bilhões com o lançamento de eurobônus só em 1993.
A Polônia surpreendeu no ano passado ao conseguir a taxa de crescimento econômico de 4%, a mais alta da Europa.
Este ano, os poloneses vão repetir a dose, caso se confirme a previsão do Instituto de Estudos Econômicos Comparados de Viena.
A Polônia foi pioneira tanto na mudança radical para o capitalismo, na virada de 1990, quanto na retomada do crescimento econômico na região, em 1992.
Para a Hungria –pioneira na transição gradual à economia de mercado–, o instituto de Viena prevê expansão econômica de 1% em 1994, depois do declínio de 2% e 4,5% nos anos anteriores.
República Tcheca e Eslovênia devem crescer 2% este ano, segundo o mesmo instituto.
Para a Rússia, cuja economia encolheu 18,5% em 1992 e 8% em 1993, o instituto espera nova queda este ano, de 6%.
Polônia, Hungria e República Tcheca já se empenham na criação de uma zona de livre comércio.
Os três países assinaram em 1992 com a Eslováquia –que ainda não vislumbra a recuperação– o Acordo de Livre Comércio da Europa Central.
Em fevereiro passado, os quatro decidiram encurtar de oito para cinco anos o prazo para a implementação do acordo.
Se cumprirem a promessa, até o final de 1997 estará criada uma zona de livre comércio de 65 milhões de habitantes.

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