São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gato escaldado

MARCELO BERABA

SÃO PAULO – O senador Mário Covas (PSDB) tem 57% das intenções de votos para o governo de São Paulo. Seus principais adversários variam de 2% a 5%. Ele já está, portanto, eleito no primeiro turno. Certo? Errado.
Ninguém hoje no PSDB ousa cantar vitória. Estão todos cautelosos, principalmente o candidato.
Gráficos preparados pelo Datafolha comparando a evolução dos desempenhos dos candidatos agora com os números das pesquisas da eleição de 90 (também para o governo do Estado) provam que a cautela se justifica.
Covas tinha em abril de 90 41% das intenções de votos. Maluf tinha 37% e Fleury apenas 4%. Covas terminou o 1º turno com 12%. Maluf (34%) e Fleury (22%) disputaram o 2º turno.
Covas chegou a ter na capital 48% em abril e terminou com 18%. No interior, tinha 40% e acabou com 8%.
Os tucanos continuam a temer o interior. Estão aparentemente seguros do desempenho que Covas terá na capital, mas não sabem o que acontecerá num interior dividido entre quercistas e malufistas.
O comando do PSDB acha, no entanto, que a situação hoje, mesmo com esta incógnita, é bem diferente da de 90.
Em primeiro lugar, dizem, porque agora o candidato está com apetite. Em 90 não estava. Sabia que o partido não tinha estrutura, tinha saído de uma derrota acachapante na campanha presidencial e não queria ser candidato ao governo do Estado.
Em 90 o partido só estava plantado em cerca de cem cidades paulistas. Hoje tem diretórios em todas, tem cerca de 50 prefeitos, quase 800 vereadores e comanda algumas das grandes cidades, como Campinas e Piracicaba.
Em 90, dizem ainda, o partido não estava preparado para a disputa. Agora, Covas inicia a campanha com quatro anos de preparo.
Estas, em síntese, são as razões arroladas pelos tucanos para explicar por que 94 não repetirá 90. Pode ser. Mas que o partido está temeroso, disto não há dúvida.

Texto Anterior: Pagando a conta
Próximo Texto: O Estado e a má distribuição
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.