São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 1994
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Sociólogo estuda tempo e espaço em prisão de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O sociólogo e videomaker José Henrique Goifman, 25, defendeu em abril, no Instituto de Artes da Unicamp, a tese "Valetes em Slow Motion: a morte do tempo e o espaço da prisão a partir de experiências com o vídeo".
Goifman frequentou durante sete meses uma penitenciária de segurança máxima de São Paulo, entre as cidades de Campinas e Sumaré (130 km a norte de SP).
O objetivo do trabalho, segundo o pesquisador, era utilizar o vídeo para captar o modo como os detentos representam os conceitos de tempo e espaço na prisão.
"Não ter nada a fazer", "é preciso matar o tempo", ter "todo o tempo do mundo" foram algumas das opiniões emitidas nas entrevistas, individuais e coletivas, muitas delas realizadas nas celas.
Essas opiniões, sustenta Goifman, se relacionam à "ociosidade generalizada" e à implantação, pela administração do presídio, de rotinas "fictícias" de trabalho.
"Condenando os presos à ociosidade, as prisões transformam-se em espaços plenos de práticas ilegais justificadas muitas vezes pelo 'não se ter nada a fazer' ou 'é preciso matar o tempo"', argumenta.
Outro ponto abordado na pesquisa é o papel exercido pela televisão, "uma janela virtual". Segundo Goifman, não é possível abordar as prisões como "instituições absolutamente fechadas", devido à influência da TV, do tráfico, das visitas e dos carcereiros.
Ainda que a prisão seja "permeável ao mundo da rua", diz Goifman, a noção de tempo na prisão é peculiar –"o espaço é racionado e o tempo, cristalizado".
Além do trabalho escrito, acompanham a tese dois vídeos –um deles sobre a rotina, as gírias, as regras, a vida e a morte na prisão.

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