São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 1994
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Yardbirds mostram que Londres tinha mais que Beatles nos anos 60

MARCELO REZENDE
DA REDAÇÃO

Na Londres dos anos 60 (a chamada "Swinging London"), houve um tempo para a minissaia, a modelo Twiggy na capa da "Vogue", filmes de James Bond e canções dos Beatles. E como se isso já não bastasse, os Yardbirds.
O vídeo "Yardbirds", que a Warner acaba de lançar, reconstitui através de entrevistas e cenas de TVs européias a trajetória de um dos mais importantes grupos ingleses.
Formada em 1964, a banda surgiu no vácuo do sucesso dos Rolling Stones. Mais um grupo formado por garotos brancos que amavam o blues criado na América. A diferença é que esses garotos contavam com o guitarrista Eric Clapton.
Clapton acabou definindo o som da primeira fase dos Yardbirds: um distanciamento da música pop da época (de grupos como David Clark 5 e Manfred Mann) e um som mais próximo do rhythm n' blues. O melhor exemplo é o primeiro sucesso da banda, a canção "I Wish You Would".
Logo depois aparece "For Your Love", outro estouro nas paradas britânicas. E o primeiro contato do grupo com uma produção mais apurada. O que implicaria diretamente em mudança.
Esse é o momento em que o grupo assume o pop e se desvia do período em que a maior adoração era o bluesman americano Sonny Boy Williamson.
Quem não gosta do novo rumo é Clapton, que deixa o grupo após a gravação de mais um compacto. Em seu lugar assume um jovem guitarrista com tendências mais experimentais: Jeff Beck. O resto, apesar do clichê, é lenda.
Uma lenda que tenta ser explicada através dos depoimentos dos sobreviventes: Chris Dreja (guitarra), Paul Samwell Smith (baixo), além do próprio Beck e Jimmy Page, que fez parte da última formação dos Yardbirds.
Se não conseguem esconder uma forte dose de saudosismo, ao menos se divertem em falar mal do diretor italiano Michelangelo Antonioni e da cena inglesa.
Mas, se esse vídeo traz mais discursos que canções, ainda assim o que permanece são as performances do vocalista Keith Relf e a idéia de que tanto o rock pesado quanto o psicodelismo têm uma dívida com os Yardbirds.
O vídeo serve até para descobrir que, antes que um garoto pichasse os muros de Londres com a frase "Clapton é Deus", um outro, alguns anos antes, já havia escrito "Viva os Yardbirds". Apenas foi tudo muito rápido. Quase ninguém notou.
E para quem ainda consegue ver algum valor em grupos como Urge Overkill ou Suede, verdadeiros gigolôs do nosso saudosismo, esse documentário é quase uma obrigação moral.

Título: Yardbirds
Duração: 60 minutos
Lançamento: Warner

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