São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Movimento se dividiu, diz líder

JAIR RATTNER
ESPECIAL PARA A FOLHA

O movimento de 25 de abril foi um exemplo para a democratização brasileira. Esta é a opinião do tenente-coronel Vítor Alves, comandante político do movimento.
"Fui convidado para explicar aos presidentes Geisel e Figueiredo como foi a democratização em Portugal e, meses antes de Tancredo Neves ser eleito, estive na sua fazenda em São João Del Rei."
Alves foi um dos três dirigentes do movimento das Forças Armadas que derrubou a ditadura portuguesa.
"Havia um comandante operacional, Otelo Saraiva de Carvalho, um comandante político, que fui eu, e um comandante de ligação, o Vasco Lourenço."
Segundo ele, uma das preocupações do movimento foi não repetir 1964 do Brasil. "Queríamos que 15 dias depois da revolução houvesse governo civil e houve."
Os cerca de 200 oficiais do movimento se dividiram em três correntes após a Revolução: "A gonçalvista, do então primeiro-ministro, da área comunista; a otelista, de extrema esquerda; e a dos moderados, que é a nossa."
"O único cimento agregador era a democracia. Nenhum de nós perguntou que tipo de democracia se queria. Após a conquista do poder, apareceram vários tipos."
Hoje os militares que fizeram a Revolução dos Cravos estão na reforma. "Não estou magoado, porque a revolução come os seus filhos", diz Alves, 58, reformado na patente de tenente-coronel.

General linha-dura
Um dos falcões da guerra colonial, o general Kaúlza de Arriaga, 80, é um símbolo do Portugal de antes do 25 de abril.
Ele continua a defender a possibilidade de manutenção do império colonial português. Diz que a descolonização foi uma ação dos comunistas e de traidores da pátria.
Ex-comandante das Forças Armadas em Moçambique, no final de 1973, articulou um golpe para que o país mantivesse a colônia.
"O golpe-revolução de 25 de abril de 1974 foi o maior desastre que incidiu sobre Portugal em sua história", escreveu em depoimento à Folha.
(JR)

Texto Anterior: Nacionalizações são revertidas
Próximo Texto: Mário Soares defende herança do movimento
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.