São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Violência no país parece endêmica

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Mal chegou ontem a Johannesburgo, como membro da delegação parlamentar portuguesa, o jornalista e deputado comunista Miguel Urbano Rodrigues constatou: "A violência neste país é endêmica".
Os fatos lhe dão razão. Não foi só a bomba em Johannesburgo, supostamente da extrema direita, a tingir de sangue as vésperas da primeira eleição multirracial na África do Sul.
Três jovens militantes do CNA foram mortos sábado em Ulundi, capital do KwaZulu (literalmente, "o lugar do zulus", maior etnia negra, com 8,3 milhões de membros).
Faziam propaganda eleitoral, quando foram cercados pelos jovens do Inkatha, partido de forte predominância zulu e rival do CNA.
Um foi queimado no carro. Outro foi baleado na delegacia, controlada pela polícia do KwaZulu, conhecida pela violência.
Violência, política ou comum, gera a contra-violência, também fora da lei.
No bairro negro de Lebong, um suspeito de ter roubado uma TV e um videocassete foi apanhado, amarrado a uma trave de futebol e morto.
A polícia encontrou o corpo com este cartaz: "Por favor, não desamarre este ladrão. Nós disciplinamos ele. Obrigado. Residentes de Lebong".
Nesse ambiente, os apelos das lideranças à calma parecem inúteis. Mas eles se repetem.
Ontem, em seu comício final de campanha, o líder do Inkatha, Mangosuthu Buthelezi, pediu: "Como presidente do Inkatha e ministro-chefe do KwaZulu, apelo a todos para parar a violência".
Reforçou o bispo anglicano Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz (1984): "Peço ao nosso povo para permanecer tranquilo. Não podemos permitir que a sabotagem prevaleça".
Só mesmo se esse tipo de apelo for atendido vai se tornar realidade a abertura feita ontem pelo âncora do "Newsline", telejornal dominical do canal 4: "Boa noite e bem-vindos ao último 'Newsline' na velha África do Sul".
(CR).

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