São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 1994 |
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Objetivo da violência é desacreditar eleição
CLÓVIS ROSSI
Toda a ênfase da propaganda eleitoral está posta em três palavras-chave: eleições justas e livres. Ora, se a intimidação funcionar e o número de abstenções for muito elevado, dificilmente a Comissão Eleitoral Independente (o TSE sul-africano) e os cerca de 3.600 observadores internacionais colarão ao pleito o rótulo de "justo e livre". Por isso mesmo, o CNA bateu ontem, após o atentado de Johannesburgo, na tecla do comparecimento. "O melhor meio de lidar com isso (o terrorismo) é votar em número ainda maior e assim assegurar que a democracia vencerá a intimidação", disse Carl Niehaus, seu porta-voz. O CNA é o maior interessado em que o processo se complete, uma vez que todas as pesquisas indicam sua cômoda vitória. Mas, antes mesmo de as urnas se abrirem, uma importante liderança política, o chefe zulu Mangosuthu Buthelezi, já expressa dúvidas. Ao comentar o carro-bomba, disse: "É outro ponto a demonstrar que não haverá uma eleição justa e livre". Buthelezi só subiu ao carro eleitoral na última hora (terça-feira passada) e teme perder os privilégios de ministro-chefe do KwaZulu se seu partido, o Inkatha, for mal na eleição. Os brancos, como é óbvio, perdem mais. Perdem até seus símbolos nacionais. A velha bandeira descerá do mastro às 23h59 de amanhã, quando entra em vigor a nova Constituição, ainda provisória. O hino "Die Stem"' ("A Voz") permanece, mas ao lado do "Deus abençoe a África", dos negros. Por isso, resistem mais. Até a bomba. (CR) Texto Anterior: Violência no país parece endêmica Próximo Texto: Uma coca-cola e, depois, a explosão Índice |
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