São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 1994
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Biscaia vai enviar listas do bicho a perícia

SÉRGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Biscaia vai enviar listas do bicho a perícia
Desde a apreensão, procurador resistia à idéia de levar documentos a técnicos e comprovar sua autenticidade
O procurador-geral de Justiça do Rio, Antônio Carlos Biscaia, disse ontem no TJ (Tribunal de Justiça) que vai submeter à perícia judicial a suposta documentação apreendida em escritórios do bicheiro Castor de Andrade.
Desde a apreensão das listagens, Biscaia tem resistido à idéia de levá-las à apreciação pericial.
O governador Nilo Batista e o secretário de Polícia Militar, coronel Carlos Cerqueira, defendem a perícia imediata.
A tese de que os documentos apreendidos deveriam ser levados à perícia –pois poderiam ter sido adulterados– foi levantada pelo colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, Janio de Freitas.
Biscaia disse também que na fortaleza de Castor havia um dossiê sobre ele. "Este dossiê visava me desmoralizar", afirmou.
O procurador foi ao Órgão Especial do TJ espontaneamente. O presidente do TJ, Antônio Carlos Amorim, disse que ele não fora convocado pelos 25 desembargadores do Órgão Especial.
Biscaia deu explicação resumida sobre o trabalho do Ministério Público. Ele não foi questionado pelos desembargadores.
Biscaia também se defendeu das acusações de que teria espancado sua ex-mulher, Tânia, e fraudado a Previdência Social.
"Acusados transformam-se em algozes. Buscam fatos passados da minha vida privada, analisados há dez anos pelo Órgão Especial. Uma suposta agressão que não houve, conforme atestou o Órgão Especial", afirmou.
Biscaia disse que sua ex-mulher foi à delegacia na época para dizer que a agressão não teria ocorrido.
A acusação de que teria participado de fraudes previdenciárias também foi negada.
Biscaia afirmou que atuou como representante do Ministério Público em processo indenizatório que correu em 1986 no Fórumde Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Seu parecer, disse, defendeu a indenização de US$ 1.700 a ser paga a Cláudia Caetano, supostamente acidentada em serviço.
O advogado de Cláudia então era Ilson Escóssia da Veiga, preso no ano passado após ser condenado por fraudes milionárias contra a Previdência.
"Ela fazia jus à indenização", disse Biscaia.
O procurador afirmou que a fraude aconteceu quando o processo voltou para a comarca de Caxias.
"Dois anos depois um contador da Previdência aumentou a indenização para USS 500 mil. Eu já não tinha mais nada a ver com o caso nem sabia deste aumento."

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