São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 1994
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Bancada ruralista é maior obstáculo para aprovação do plano econômico

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A bancada ruralista no Congresso será o principal obstáculo para o governo na votação da MP (medida provisória) 457, que cria a URV (Unidade Real de Valor).
O projeto de conversão do deputado Neuto de Conto (PMDB-SC), que fez alterações na MP com a concordância da equipe econômica, deve ser votado amanhã.
Com cerca de 150 parlamentares, a bancada ameaça votar contra a MP caso não seja renegociada parte da dívida de US$ 10 bilhões que o setor tem junto ao governo.
Ontem, o deputado Jonas Pinheiro (PFL-MT) –um dos líderes da bancada– almoçou com o ministro Sinval Guazzelli (Agricultura) e saiu da reunião confiando em um acordo com o governo.
Pinheiro disse à Folha que o ministro acenou com o "expurgo" de aproximadamente US$ 950 milhões do total da dívida.
Esta anistia parcial se daria em três etapas: o governo expurgaria parte da correção monetária aplicada na época do Plano Collor 2 (fevereiro de 1991) e deixaria de cobrar juros referentes à inadimplência dos produtores rurais.
Ao mesmo tempo, o pagamento do restante da dívida seria alongado por mais dez anos. "Ninguém é kamikaze. Temos que ser razoáveis e aceitar esta proposta do governo", disse Pinheiro à Folha.
A decisão final sobre a negociação do governo com a bancada ruralista só seria tomada na noite de ontem, numa reunião entre técnicos da Comissão de Agricultura da Câmara e dos ministérios da Fazenda e da Agricultura.
Hoje, os ministros Rubens Ricupero (Fazenda) e Sinval Guazzelli se reúnem com os parlamentares da Comissão de Agricultura. Será a última tentativa para que seja feito um acordo entre os parlamentares e o governo.
Oposição
Para aumentar a bancada oposicionista à MP da URV, o PT começou ontem a distribuir para todos os congressistas uma análise demonstrando as falhas da medida provisória.
Para o PT, o projeto de resolução do deputado Neuto de Conto privilegia as empreiteiras e as empresas prestadoras de serviço ao permitir que seus contratos sejam convertidos à URV sem nenhum tipo de cálculo pela média.
O documento também diz que, segundo o Dieese, os salários convertidos em URV estão sendo contaminados pela inflação no novo indexador. Conforme a Folha publicou no último sábado, a inflação em URV em abril deve chegar a 3%. Em cruzeiros, os preços da cesta básica subiram 53,67% entre fevereiro e março.

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