São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 1994
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Buraco do ozônio chega ao sul do país

HELIO GUROVITZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O buraco da camada de ozônio está chegando ao Brasil.
Cientistas brasileiros e da Nasa detectaram em Santa Maria (RS) no mês de outubro uma queda entre 15% e 20% nos níveis do gás.
A camada de ozônio da atmosfera serve de proteção contra os raios ultravioletas do Sol.
Quando não são detidos pelo ozônio, os ultravioletas podem atingir seres vivos, provocando câncer de pele ou tornando plantas raquíticas.
"A vida não tem mecanismo de defesa contra raios ultravioletas", disse à Folha Volker Kirchhoff, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Kirchhoff descreve na revista "Ciência Hoje" deste mês os resultados de medições realizadas em outubro de 1992 e repetidas em outubro de 1993.
"Por enquanto a destruição do ozônio não é suficientemente intensa para provocar preocupações", diz o artigo na revista.
O estudo foi realizado pelo cientista em colaboração com cientistas da Nasa e da Universidade Federal de Santa Maria.
Segundo os resultados, massas de ar com menor quantidade de ozônio vieram da Antártica para sul do Brasil, "exportando" o buraco na camada de ozônio.
"A Antártida é o local onde o buraco se forma por excelência", disse Kirchhoff. Lá a camada é mais fina e, todo ano, metade do ozônio é destruído na primavera.
Mas estudos anteriores do Inpe, em Natal (RN) e Cachoeira Paulista (SP), indicavam que na primavera os valores de ozônio eram altos no Brasil.
Ao instalar sensores em Santa Maria, os cientistas ficaram surpresos com os níveis que descobriram em outubro de 1992.
As medições foram repetidas em outubro de 1993, com instrumentos no solo e com sondas que subiram em balões.
Conferindo as medidas com imagens feitas pelo satélite Meteor, da Nasa, foi possível detectar o avanço da massa de ar da Antártica sobre o sul do país.
"De forma espetacular verificamos o fenômeno", disse Kirchhoff.
Os cientistas vão apresentar seus resultados no mês que vem em congresso da União Geofísica Norte-Americana.
A espessura da camada de ozônio diminui no mundo inteiro a uma taxa média de 0,41% ao ano, diz o artigo.
Segundo o estudo, há 27 estações de medição dos níveis de ozônio no hemisfério Norte e apenas 4 no hemisfério Sul.

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