São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 1994
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Soundgarden chega ao topo nos EUA

DEAN GOODMAN
DA "REUTER", EM LOS ANGELES

Os roqueiros do Soundgarden, de Seattle, podem finalmente estar desfrutando de reconhecimento comercial, depois de passar anos como heróis do underground, recusando conciliações. Mas o sucesso tem prós e contras.
Seu último álbum, "Superunknown", passou para o primeiro lugar das listas americanas no mês passado, na mesma proeza rara conseguida por outras bandas da mesma cidade como Pearl Jam, Nirvana e Alice in Chains.
Mas os membros do Soundgarden se irritam com o fato de que, à medida que diminui a distância comercial entre eles e estas bandas, ela aumenta em relação a outras, suas contemporâneas, como Screaming Trees e Melvins.
"Estas são bandas que realmente trabalharam duro e mostraram sua influência sobre muitos grupos em Seattle e no país inteiro", disse Kim Thayil, guitarrista do grupo.
Thayil considera os Melvins, um trio mais conhecido por seus trovejantes riffs à la Black Sabbath, a banda que mais influenciou o som feito em Seattle.
Soundgarden fez vários discos independentes antes de lançar seu álbum de estréia pela A&M Records, "Louder than Love", em 89.
Esse álbum, no qual se destaca a canção "Big Dumb Sex" –incluída pelo Guns'n'Roses em seu recente álbum-tributo–, chegou ao 109º lugar da parada americana. "Badmotorfinger", de 91, chegou ao 39º e acabou tornando-se disco de platina nos EUA.
Embora o fato de "Superunknown" ter chegado ao primeiro lugar não tenha sido uma grande surpresa, tendo em vista a explosão do grunge, é muito raro ouvir as palavras "Soundgarden" e "comercial" pronunciadas juntas.
"É claro que poderíamos escrever uma canção tipo 'Shiny Happy People' (hit do R.E.M.) se quiséssemos ver pessoas com chapéus de cowboy em nossos shows", disse Thayil.
Thayil rejeita os vários projetos secundários nos quais o resto da banda –o baterista Matt Cameron e o baixista Ben Shepherd– vem se envolvendo por diversão.
"Acho que se eu fosse escrever dez canções para um álbum separado, provavelmente seriam melhores se fossem canções do Soundgarden. O Soundgarden se encaixa na visão que eu teria ao escrevê-las. Isso sempre acontece comigo, enquanto co-fundador e original compositor principal das músicas", disse Thayil.
Voltando ao assunto de escrever canções felizes, Chris Cornell, sentado ao lado de Thayil e soprando anéis de fumaça, acrescenta: "Geralmente quando escrevo canções assim, eu as faço para meus cachorros –eles ficam felizes por estar vivos e me adoram até a morte".
Cornell diz que nada o faz se sentir melhor do que escrever uma canção que ele gosta, e nada o faz sentir-se pior do que quando percebe, três dias depois, que ela é horrível.
Manifestando sua eterna relutância em ser rotulado, ele diz que a canção-título é uma reação contra a qualificação em categorias: "Só porque você não a vê como uma coisa, isso não quer dizer necessariamente que ela seja o que você pensa que ela seja".
Soundgarden afirma não ter qualquer opinião sobre o que rola atualmente em Seattle.
"Vamos simplesmente fazer o que fazemos e fazê-lo o melhor possível. Se o barco em que todo munda pula afunda ou sai velejando, isso é problema deles –não estamos nesse barco", diz Thayil.
Chris Cornell acrescenta: "Temos nosso próprio barco, e nossos ratos também".
Tradução de Clara Allain

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