São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 1994
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Pai leva 3 tiros e está na UTI

DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor-regional do IBGE, Domingos Elias Schanoski, está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital São Leopoldo, em Santo Amaro.
Seu estado é grave. Os tiros lhe perfuraram o intestino e a bexiga. Há risco de infecção generalizada. Ele não sabe que seu filho morreu.
Domingos é estatístico e nasceu em Curitiba. Sua mulher, Carmen, é natural de Itu (92 km a noroeste de São Paulo).
Além de Marcos, morto durante a tentativa de assalto, o casal tem outros três filhos (Adriane, 24, Mateus, 19, gêmeo de Marcos, e Alessandra, l5).
Domingos já havia saído de casa ontem de manhã para buscar sua perua Ford em um estacionamento particular próximo a sua casa.
A vaga da garagem do pequeno sobrado geminado onde mora era ocupada pelo Corcel 2 de seu filho havia mais de dez anos.
Domingos estacionou o carro em frente de casa e foi tomar café. Depois ele deveria levar sua filha e sua sobrinha para a escola, antes de seguir para o escritório do IBGE no Itam Bibi (zona oeste).
Já Marcos deveria ir até a Vila Mariana, onde trabalha como digitador em uma empresa de brinquedos. À noite, ele cursa o terceiro colegial.
"Acabamos de aumentar o tamanho da grade do portão. Parece que isso chama violência", disse Alessandra. Foi ela quem correu pela rua à procura de uma família conhecida que socorresse seu pai.
Sua irmã mais velha, Adriane, 24, diz que a onda de assaltos no bairro se acentuou nos últimos anos, depois da ampliação dos terminais de ônibus na região.
A rua onde a família mora, Amador Bueno, é travessa da marginal Pinheiros, a dois quarteiroões do Hotel Transamérica.
Pedagoga, Adriane trabalha com os menores abandonados da Febem. "A violência é fruto da nossa sociedade. Isso só vai dar mais força para que eu continue trabalhando com as crianças carentes", afirmou.

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