São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 1994
Próximo Texto | Índice

Novo CDB estréia com US$ 18 mi

DA REPORTAGEM LOCAL

Os bancos iniciaram a venda de CDBs em URV ontem, pagando juros reais anuais entre 17% e 33%, dependendo do lote de dinheiro. No final do dia, contabilizaram negócios de cerca de US$ 18 milhões.
Houve um vencimento de US$ 180 milhões em CDBs prefixados, ontem. Até sexta-feira, serão renovados mais US$ 1,850 bilhão.
Segundo Alcides Lopes Tápias, presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), os juros praticados ontem ainda estão sem referência.
"Só partir do vencimento dos CDBs da semana é que se vai conseguir encontrar o patamar ideal dos juros", afirmou.
As grandes redes de varejo, como Bradesco e Itaú, vão começar a captar em URV a partir de hoje. A taxa de juro para lotes pequenos, a partir de CR$ 200 mil, vai ficar entre 12% e 15% nestes bancos.
Mesmo assim, estas taxas batem o rendimento do Fundão. "Este é o ponto de partida", explica Antônio Pavão, diretor de mercado do Bradesco. "As taxas podem até subir, mas vai depender do comportamento dos investidores."
Outras instituições pretendem lançar novos produtos. O Safra vai oferecer CDBs de 120 dias prometendo um juro real de 42% ao ano.
Os primeiros negócios realizados ontem foram concentrados entre grandes empresas e os próprios bancos.
O BCN, por exemplo, renovou 40% do seu vencimento de CDBs na nova modalidade. Segundo Norberto Barbedo, diretor financeiro, o juro foi de 30% ao ano.
"O pessoal considera a URV como dólar e aí vale a pena", disse. "Mas isto para grandes aplicadores. A rede captou só 1% do total."
Nas agências, os bancos reduziram bastante o rendimento do CDB em URV. O Unibanco, por exemplo, pagou 15% de juros ano para aplicações menores, a partir de CR$ 200 mil. Os grandes investidores receberam 31%.
"Está havendo, ainda, um dispersão muito grande de taxas", explica Celso Scaramuzza, diretor financeiro do Unibanco. "A convergência virá nesta semana."
Bancos de atacado como o Citibank também operararam com o novo título, mas somente em grandes lotes. Segundo Ricardo Braga, diretor financeiro, as taxas variaram entre 30% e 33%.
"Cada banco tem seu cliente", conta. "Trabalhamos com grandes lotes e pagamos o juro real que está sendo praticado na economia."
O juro real na faixa de 33% ao ano representa um prêmio mensal bruto, acima da URV, de 2,4% ao mês. Este é o mesmo juro que o Banco Central está pagando para os bancos que aplicam dinheiro no overnight.
Esta taxa foi paga para grandes volumes de aplicação, acima de US$ 500 mil. Abaixo disso, os juros reais caíram para a casa dos 30% ao ano, ou 2,21% ao mês. Os bancos captaram muito pouco nas agências.
O Nacional, por exemplo, recebeu consultas de clientes totalizando US$ 5 milhões, mas não fechou negócios.
Para estes, os bancos pagaram 18%, o que dá 1,39% ao mês. "O custo para captar um CDB de US$ 500 mil é o mesmo de um CDB de US$ 1. Não vale a pena pagar o mesmo juro", afirma Scaramuzza.

Próximo Texto: Fundo de commodities e poupança rendem mais para pequeno aplicador
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.