São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 1994 |
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Obras de Sughi são bonitas e nada mais
DA REPORTAGEM LOCAL Título: Alberto Sughi - Têmperas 1990Onde: mezanino do Museu de Arte de São Paulo (av. Paulista, 1.578, tel. 011/251-5644, Cerqueira César, região central) Quando: abertura hoje, às 20h; até 29 de maio Visitação: de terça a sexta, das 13h às 17h; sábado e domingo, das 14h às 18h Entrada: franca Mais uma exposição de arte contemporânea italiana hoje no Masp. São 50 têmperas de Alberto Sughi, feitas em 1990. Mas a data delas também poderia ser 1890. Sughi pinta bem. Tem belos achados de cor. A exposição oferece momentos de prazer para qualquer radical. E existe uma sacada interessante ali. Sughi reuniu um tratamento gráfico (desenho ligeiro, sintético), que remete aos cartazes que Toulouse-Lautrec (1864-1901) fez para o Moulin Rouge, a características da técnica expressionista. Peles esverdeadas, rostos nebulosos, fundos dramatizados por pinceladas aparentes, figuras sofridas –eis alguns elementos que lembram o expressionismo da passagem do século 19 para o 20. O casamento dessas técnicas serve para comunicar a solidão decadente dos indivíduos, o que se costuma associar a fins de século. Mas, quanto à forma, Sughi não poderia estar mais desatualizado. Suas têmperas têm o gosto do "déjà vu", de algo que já foi muito visto –e melhor. Nenhum artista genuíno deixa de pensar nisso. Por que fazer o que já foi feito? E, mesmo se a questão for posta de lado, a arte de Sughi não se sustenta muito. Ele não tem o humor, a arte do comentário de Lautrec. E não tem a intensidade de desespero dos expressionistas. Suas telas não incomodam, não fazem pensar. Por essas e outras que o poeta Ezra Pound definiu beleza como "adequação ao objetivo". (DP) Próximo Texto: República da Dança estréia em maio Índice |
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