São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 1994
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Prong destila seu veneno contra Helmet

MARCEL PLASSE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Prong foi uma das primeiras bandas a se cansar do metal tradicional, misturar hardcore, barulho industrial e deformar definitivamente a música que hoje perdeu o sentido do rótulo –a ponto de ser chamada, simplesmente, "peso".
Tommy Victor, guitarrista e vocalista de potente voz amarga, define Prong como "crossover", uma mistura total. Num quarto de hotel em Omaha, Nebraska, ele destila a velha música: "Nunca vamos ser reconhecidos".
O líder do Prong diz que a banda não tem a visibilidade e a projeção de bandas que surgiram depois e foram influenciadas por sua música. "Helmet foi influenciado por Prong", ele afirma. "E muita gente foi influenciada por Helmet".
O som mecânico, de guitarras minimalistas e repetitivas de Helmet, chegou a vender 500 mil cópias nos EUA. Os discos do Prong nunca venderam mais do que cem mil cópias.
"Napalm Death também foi influenciado por nossa primeira fase", continua Tommy. Napalm Death é hoje uma das mais cultuadas e violentas bandas de metal.
Mas, segundo Tommy, nenhuma banda reconhece a importância de Prong. "As únicas coisas que falam da gente são negativas. Biohazard e Helmet, que são de Nova York como a gente, nunca disseram nada de positivo."
Tommy garante que a banda nunca vai chegar entre as dez mais vendidas nos EUA. Ele cita Pantera, que chegou ao número um da parada: "Pantera, uma das minhas bandas favoritas, tem o 'mínimo denominador comum', que quem quer estourar precisa ter. Ter o mínimo de lugar-comum para atrair as massas. Prong não tem."
"Somos uma banda underground", define Tommy. "No início, na época do clube CBGB (1986), em Nova York, quando começamos, a gente bancava tudo. Agora, somos contratados da Sony, mas ainda é uma questão de vendagem."
Com roupas escuras, cabelos compridos e simbolizado pelo forcado, elemento da iconografia gótica, Prong já teve cara de banda média de metal. Faz tempo. O novo disco, "Cleansing", tem pouco a oferecer ao público de metal.
"Cleansing" é o mais leve disco gravado pelo Prong. Tommy acha que Prong nem tem mais um público de heavy metal.
"As pessoas têm dificuldades em entender o que fazemos", ele diz, "mas acho que o tempo está emparelhando com a gente. A receptividade tem aumentado".
O vocalista diz que as mudanças na música da banda não são resultado de atitudes conscientes. "Não sei exatamente para onde nos direcionamos", ele diz. "Ao combinar várias coisas, só tentamos ser comtemporâneos."
Em "Cleansing", Prong estréia nova formação, com dois ex-integrantes da banda inglesa Killing Joke: Paul Raven (baixo, também tocou no grupo Pigface) e John Bechdel (sampler, também ex-Murder Inc.).
"Eles se envolveram no projeto", Tommy conta, "porque a gente sempre se disse influenciado por Killing Joke". No início dos anos 80, a banda inglesa já misturava hardcore e música industrial.
Tommy confessa-se insatisfeito com o disco "Prove You Wrong" (1991), de maior sucesso comercial da banda. "A gente quebrou o pau com o produtor Mark Dodson, por isso fizemos um disco de remixes em seguida."
Em "Whose Fist Is This, Anyway?", só de remixes, Prong trabalhou com Jim Thirwell (do grupo Foetus) e Lee Popa (do Ministry), conceituados produtores de música industrial.
O resultado agradou a banda. Agora, Tommy quer convidar os integrantes do grupo de dance industrial KFDM e o pai da disco music, Giorgio Moroder, para remixar músicas de "Cleansing". "Seria engraçado", avalia.
A banda está em turnê pelos Estados Unidos. Durante o verão americano, junta-se à Pantera, Sepultura e Biohazard numa das mais pesadas combinações já reunida numa excursão.

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