São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 1994
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Família reza e faz figa na sessão

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A família do deputado federal Ricardo Fiuza (PFL-PE) rezou, fez figa, chorou e ficou sem almoçar no dia do julgamento de seu integrante mais conhecido.
Os quatro filhos e a mulher do deputado passaram os 51 minutos da defesa do deputado em pé. Ninguém ousou tirar os olhos do patriarca.
Sua mulher, Ilse, nem se mexia. De braços cruzados, ela acompanhava atentamente o marido. De vez em quando, balançava a cabeça em sinal afirmativo quando Fiuza se exaltava em seu discurso de defesa.
"Peço um julgamento justo. Não vos peço clemência, não vos peço espírito de corpo, peço só o que lhes daria, um julgamento justo", afirmou o deputado, a certa altura.
A filha Teresa era a mais nervosa dentre todos os familiares. Logo que chegou, às 10h15, foi cumprimentada por uma assessora do pai e começou a chorar.
Roberto, o filho mais novo, ficou com as mãos vermelhas, tamanha era a pressão que fazia entre os dedos para manter uma figa.
Madrugada
O movimento no clã dos Fiuza começou antes das 6h. Os familiares do ex-ministro do governo Fernando Collor dormiram menos de três horas na noite de anteontem.
Fiuza e seu filho mais velho, Ricardo, ficaram acordados até às 4h para acertar os últimos detalhes da defesa, apresentada ontem à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
A defesa foi considerada tecnicamente perfeita pelo relator, deputado federal Hélio Bicudo (PT-SP).
Desde às 7h30, as filhas Elizabeth e Teresa, a mulher Ilse, os filhos Ricardo e Roberto, além do próprio deputado, já estavam esperando o início do julgamento na Câmara.
Mãe e filhos ficaram juntos no fundo do plenário. Fiuza se acomodou na penúltima fileira de cadeiras ao lado do deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), com quem conversou durante a leitura do voto do relator, deputado Hélio Bicudo (PT-SP).
Às 11h15, Fiuza foi chamado a se defender. Elizabeth acendeu um cigarro. Teresa tirou da bolsa um papel com uma oração, abaixou a cabeça e rezou. Roberto levou a mão à boca.
O voto do relator começou a ser lido em seguida. Às 14h, o presidente da CCJ, deputado Thomas Nonô (PMDB-AL), anunciou intervalo para almoço.
Os Fiuza saíram unidos para a liderança do PFL. Ninguém almoçou. Comeram sanduíches e tomaram suco.

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