São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 1994
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Líderes não chegam a acordo sobre a pauta

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Líderes não chegam aacordo sobre a pauta
As negociações entre os líderes partidários para tentar salvar a revisão constitucional terminaram ontem, após duas horas de trocas de acusações e agressões. Foi a última reunião e não houve acordo.
Os "contras" já haviam aceito a pauta de 21 itens preparada pelo relator Nelson Jobim (PMDB-RS) quando surgiu novo impasse: a ordem de votação das matérias.
PT, PDT, PC do B e os outros "contras" (partidos contrários à revisão) exigiram que as votações do Congresso revisor começassem pela questão tributária.
A nova reivindicação irritou os partidos favoráveis à revisão, que criticaram a proposta.
"A questão tributária é a mais polêmica e vai exigir muitas negociações. Se começarmos as votações por ela, não vamos votar mais nada", disse o deputado Germano Rigotto (PMDB-RS), vice-líder do PMDB na Câmara.
Em reunião no gabinete do presidente do Congresso, senador Humberto Lucena (PMDB-PB), Rigotto acusou o líder do PDT, deputado Luiz Salomão (RJ), de estar usando "manobra" para acabar com a revisão.
O vice-líder do PMDB saiu irritado da reunião, após a discussão (às 17h55). Logo depois, saíram os líderes dos "contras", abandonando definitivamente as negociações. "Vamos acirrar as obstruções", prometeu Salomão.
Obstrução
O líder do PT da Câmara, deputado José Fortunati (RS), disse que, a partir de agora, os "contras" só aceitariam votar qualquer proposta revisional, a partir de agora, se as votações começarem pela questão tributária.
Hoje haverá reunião dos líderes dos partidos que defendem a revisão (PMDB, PFL, PPR, PP, PSDB, PTB e outros menores) para definir a ordem de votações. Lucena disse que a revisão continua, mesmo sem os "contras".
O PPR foi dividido à reunião. O líder na Câmara, deputado Marcelino Romano (SP), voltou a defender a inclusão da quebra do monopólio do petróleo e das telecomunicações na pauta.
Ele agiu por pressão dos economistas do partido, os deputados federais Roberto Campos (SP), Delfim Netto (SP) e Francisco Dornelles (RJ).
O presidente do partido, senador Esperidião Amin (ES), discordou de sua posição.
Na reunião, ele desautorizou Marcelino Romano. O partido decidiu reunir hoje toda a bancada, para definir uma posição partidária de consenso.

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