São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 1994
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Parreira libera sexo para atletas no Mundial

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Os jogadores brasileiros poderão manter relações sexuais em suas folgas na Copa do Mundo. O técnico Carlos Alberto Parreira disse que "não é por falta de sexo que a seleção perderá o título."
Ele deu a declaração ontem durante palestra sobre futebol a cerca de 300 estudantes da Faculdade da Cidade, no Rio.
Um dos alunos perguntou se ele faria o mesmo que o treinador do Barcelona, Cruyff, que liberou o atacante Romário para sair à noite.
"Estamos atentos à questão sexual dos jogadores", afirmou Parreira. "Vamos atendê-los em seus interesses de saídas, compras, sexo. Mas tudo sem exageros."
A maioria dos jogadores vai começar a treinar no dia 17 de maio. Dia 25 a delegação viaja para os Estados Unidos. A final do Mundial é em 17 de julho.
Haverá períodos de até nove dias em que os atletas não terão folga. Por exemplo, entre 4 e 12 de junho, quando a equipe faz três jogos amistosos. Visitas de mulheres são proibidas na concentração.
"Mas, no plano de treinamentos, há várias folgas", contou Parreira. "Não faltarão oportunidades para os jogadores saírem."
Um membro da comissão técnica afirmou à Folha que "em futebol, quando se fala em dia para compras se deve ler como dia em que os jogadores vão fazer sexo."
Os jogadores suíços seriam proibidos de transar durante o Mundial. Mas, devido aos protestos dos atletas, o técnico voltou atrás há poucos dias e permitiu o sexo. O treinador italiano, Arrigo Sacchi, liberou o sexo após os jogos de sua seleção no Mundial.
O ex-jogador Serginho Chulapa, atual treinador do Santos, já afirmou que evitava atividade sexual na véspera de partidas porque o desempenho físico em campo era prejudicado.
Na Copa de 62, no Chile, a maioria dos jogadores aproveitou um dia especial de folga para ir a um prostíbulo, contou um dos jogadores da equipe. O ponta-direita Garrincha estava no grupo.
O treinador do São Paulo, Telê Santana, acha que é indispensável concentração para jogadores brasileiros.
Eles se reúnem na véspera dos jogos e ficam "presos" pelo clube até momentos antes da partida.
"Com os europeus até se pode discutir a necessidade ou não de se concentrar", disse Telê em entrevista este ano ao programa "Cara a Cara", da TV Bandeirantes.
"O problema é que os brasileiros são exagerados, querem sempre mais. Assim, acabam se prejudicando. O brasileiro é um exagerado."
Nos últimos anos a medicina esportiva desmistificou a idéia que de longos períodos sem sexo seriam favoráveis ao desempenho em competições.
Parreira acha que privar os jogadores de sexo durante muito tempo pode criar tensão na equipe. "Em 70 nós liberamos e correu tudo muito bem", contou Zagalo.

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