São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 1994
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Meg Ryan foge do papel de loira meiga

ANA MARIA BAHIANA
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

Meg Ryan ficou conhecida por seus papéis meigos em comédias leves. Em "When a Man Loves a Woman" encarna uma alcoólatra.
Pode ser o "turning point" na carreira desta atriz que já comprovou sua capacidade de tornar atraentes, abacaxis como "Joe contra o Vulcão".
Em entrevista concedida à Folha, Meg relata sua experiência.

Folha - Como se faz pesquisa para representar uma alcoólatra terminal?
Meg Ryan - Na verdade, é muito simples. É assustadoramente simples. Basta ir a algumas reuniões dos Alcoólatras Anônimos.
Os AA trabalham na base da franqueza e da honestidade. Essas pessoas vão lá, se levantam e dizem tudo sobre suas vidas, com a maior honestidade possível.
Folha - Ir às reuniões e interpretar esse papel teve algum impacto em você, pessoalmente?
Meg - Teve sim. Principalmente as reuniões. No início eu ia como uma obrigação, um trabalho, parte da preparação para o filme.
Pouco a pouco comecei a perceber que aquela era a hora mais tranquila do meu dia.
Uma reunião dessas era um momento de paz absoluta, um contraste com minha vida em Los Angeles, onde todo mundo julga todo mundo o tempo todo.
Ali, naquela espécie de vácuo da reunião, havia apenas aceitação e compreensão totais.
Folha - Depois desta experiência, qual sua visão do alcoolismo?
Meg - Tenho certeza que é uma doença, uma predisposição genética. Não é algo contagioso. Alcóolatras sofrem muito esse tipo de rejeição.
Mas, pessoalmente, não chega a ser um problema. Não é algo no qual eu tenha que pensar muito antes de beber um copo de vinho.
Folha - Você diria que o tema deste filme é o alcoolismo?
Meg - Não necessariamente. O alcoolismo é um aspecto de algo maior que o filme aborda e, por isso, o trabalho me interessou –para mim o filme é sobre relacionamentos e sobre o que acontece numa família muito unida e muito amorosa quando uma doença se coloca no meio das relações.
Folha - O público em geral associa você a filmes mais leves, comédias românticas. Este papel foi particularmente complicado para você?
Meg - Sinceramente, não. Difícil para mim seria fazer um filme cheio de efeitos especiais, do tipo ser perseguida pela selva por um tigre de mentira em frente de uma tela azul. Só o ator tem que buscar 1.001 artifícios para se segurar emocionalmente. Este filme exigiu muita saúde emocional, muita disposição –fazer cenas emocionalmente intensas, várias vezes. Mas não foi mais difícil que outras coisas que já fiz.

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