São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 1994
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Carro-bomba faz 19 feridos

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Um carro-bomba explodiu em Johannesburgo, ferindo 19 pessoas, das quais 3 estão em estado crítico e 14 em estado grave.
O alvo foi o Aeroporto Jan Smuts. Um Peugeot branco estacionou por volta de 7h (2h em Brasília) diante da porta da ala de embarque e desembarque internacional. Dois ou três brancos foram vistos saindo do carro, que explodiu 20 minutos depois.
À tarde, a polícia anunciou a prisão de 31 pessoas, consideradas "os cérebros" da onda terrorista, conforme afirmou o chefe de polícia, Johann van der Merwe.
Um dos presos é oficial da polícia. Outro também é policial, mas da reserva. O líder do grupo, interrogado pela polícia, negou participação nos atentados.
Van der Merwe apresentou aos jornalistas um vídeo com o arsenal apreendido com os suspeitos. Há desde simples revólveres até pequenos mísseis, passando por granadas, rifles, explosivos e equipamentos de comunicação.
Entre os suspeitos, há membros do extremista AWB (Movimento de Resistência Africâner, os sul-africanos brancos).
Com o atentado de ontem, sobe para 181 o número de feridos em consequência de quatro explosões de carros-bombas entre domingo e ontem. Os mortos somam 21.
A prisão dos supostos cérebros do terrorismo vai causar "alívio temporário", diz Van der Merwe.
Para o chefe de polícia, "o terrorismo continuará até que os grupos de extrema direita sejam convencidos a participar pacificamente do processo".
O general Constad Viljoen, líder da Frente da Liberdade, único grupo da extrema direita que está participando do processo, tem uma opinião parecida, embora de um frio pragmatismo.
Após Viljoen votar, os jornalistas lhe perguntaram que mensagem enviaria aos autores dos atentados.
O general, que foi chefe das Forças de Defesa, afirmou: "Esse tipo de ação só deve ser praticado quando há chances de sucesso".
O próprio Viljoen admite que, agora, não há chances de sucesso, o que ficou demonstrado pelo elevado comparecimento às urnas.
A Frente que Viljoen lidera prefere lutar por um "Volkstaat" (um Estado para os brancos) no front parlamentar. Mas as dificuldades para obtê-lo na Assembléia Nacional tendem a tornar correta a previsão de Lloyd Vogelman.
"O terrorismo deve continuar pelo menos pelos próximos seis meses", diz o especialista.
(CR)

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