São Paulo, sábado, 30 de abril de 1994
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Mandela e De Klerk defendem votação

CLÓVIS ROSSI

Dois principais líderes sul-africanos dizem que primeira eleição multirracial em 342 anos foi 'justa e livre'
Criança passa por placa onde se lê 'Bem-vindo à seção praça da liberdade', em Katlehong

Os dois principais líderes políticos sul-africanos anteciparam-se ontem à uma proclamação da CEI (Comissão Eleitoral Independente, a Justiça eleitoral) e manifestaram a certeza de que a eleição, encerrada ontem, será declarada livre e justa.
O presidente F.W. de Klerk (Partido Nacional) e o quase certo futuro presidente, Nelson Mandela (CNA, Congresso Nacional Africano), usaram, embora separadamente, as mesmas palavras: "Estou confiante de que as eleições serão declaradas justas e livres".
Trata-se de um passo vital, mais importante até do que a apuração, que começa hoje. Se o pleito não for validado, é enorme o risco de um conflito interno de formidáveis proporções.
Quem tem de certificar a lisura da eleição é a CEI, um organismo composto por 11 sul-africanos e 5 especialistas estrangeiros. Todos sem "um claro perfil político-partidário", como determina a legislação.
O prazo para tal decisão vai até dez dias após a eleição e a declaração tem de ser apoiada por 75% dos membros da CEI.
Em todo o caso, o presidente da CEI, Johann Kriegler, já disse ontem que a votação fora "um extraordinário êxito", o que claramente antecipa sua posição.
O fato de Mandela e De Klerk, líderes dos partidos que devem ter as duas maiores votações, já terem endossado o processo só reforça a expectativa de que a primeira eleição multirracial na África do Sul passou no teste das urnas.
Mesmo o mais queixoso e belicoso dos líderes políticos, Mangosuthu Buthelezi (Partido da Liberdade Inkatha, representante de uma fatia dos zulus) manifestava ontem contida satisfação com o quarto dia de votação.
Graças à decisão do governo, sob pressão da CEI, de abrir as urnas também na sexta-feira em seis áreas do país, o pleito terminou com a sensação geral de que só não votou quem não quis.
"Lançamos a África do Sul em uma nova era", festejou De Klerk. Uma era que sepulta o apartheid, regime de segregação racial que, a rigor, se manteve por 342 anos.

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