São Paulo, sábado, 30 de abril de 1994
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AFRICANAS

"Winnie Mandela será a primeira-dama?", perguntou ontem Bernard Shaw, âncora da CNN, a Nelson Mandela. "Prefiro deixar as questões pessoais fora desta entrevista", respondeu Mandela, separado de Winnie desde que ela foi condenada pelo sequestro e posterior morte de um jovem, crimes praticados por seus guarda-costas.
Houve um quarto dia de votação, ontem, também nos conflituoso subúrbios negros de Thokoza e Khatelong. Motivo: eleitores apareceram e os funcionários da Comissão Eleitoral Independente ficaram com medo de morrer, se não abrissem os colégios eleitorais. Nem Thokoza nem Kathelong ficam nas áreas em que o governo autorizou um dia extra de votação.
Os principais partidos políticos sul-africanos programaram o que chamam de eventos sociais para cobrir o período entre o fim da votação (anteontem, na maior parte do país) e os primeiros resultados (hoje por volta de meio-dia). Motivo: evitar que a natural tensão desague em conflitos.
A polícia sul-africana atesta: caiu muito a criminalidade durante o período eleitoral. O tenente-coronel Jan Combrink, porta-voz policial, vê duas razões: o grande número de policiais e soldados nas ruas para vigiar o processo eleitoral e o fato de que muita gente "estava com ânimo carnavalesco".
Os três principais âncoras da TV norte-americana estão em Johannesburgo, para acompanhar as eleições. Além de Bernard Shaw (CNN), também vieram Dan Rather (CBS) e Peter Jennings (ABC). A ABC, aliás, trouxe 85 pessoas, a um custo de US$ 1 milhão.
A tinta indelével que marca o dedo dos eleitores para evitar que votem duas vezes não é tão indelével assim, descobriu o Inkatha- Partido da Liberdade: usando um "spray" para cabelos chamado Alberto VO5, a tinta não é detectada pelo equipamento de raio ultra-violeta usado para a checagem.
A mais nova denúncia de fraude eleitoral feita pelo Inkatha: alguns eleitores teriam vendidos seus certificados de batismo, um dos documentos válidos para votar.

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