São Paulo, sábado, 30 de abril de 1994
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Presença do Brasil em Roma

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Há 60 anos abriu suas portas em Roma o Colégio Pio Brasileiro.
Por que o esforço de enviar ao centro da catolicidade seminaristas do Brasil? Estudar em Roma significava venerar os apóstolos São Pedro e São Paulo, colunas da Igreja, e participar da proximidade do santo padre ouvindo com frequência a sua palavra. Roma é, também, abertura ao mundo, às nações e povos. As universidades e institutos eclesiásticos oferecem uma plêiade de professores provenientes dos melhores centros de ensino.
O aumento dos que iam estudar em Roma, há 60 anos, motivou o papa Pio 11 a promover a construção de um colégio especial para o Brasil. O episcopado nacional acatou a idéia, convocou a colaboração do povo e conseguiu em cinco anos levar a termo a construção do prédio de 5.000 m2, com três andares e um subsolo. A 3 de abril de 1934, o Brasil realizou o sonho de ter seu próprio colégio, adaptado às características de seu povo e de seu clero. Muito se deve a d. Sebastião Leme, então arcebispo do Rio de Janeiro, ao núncio, d. Aloísio Masella e aos jesuítas que aceitaram dirigir a instituição.
No ano da fundação eram 34 seminaristas; entre eles, figuravam cardeal Agnelo Rossi, d. Vicente Zíoni e d. Oscar Oliveira. Durante a 2ª Guerra Mundial reduziu-se o número. Os porões do colégio transformaram-se em abrigos antiaéreos. Os alimentos eram racionados e muito caros. Terminada a guerra, os alunos voltaram a crescer em número. Sessenta anos de atividade deram frutos copiosos. Entre os 1.377 alunos matriculados formaram-se 123 doutores e 657 mestres em teologia, filosofia e demais ciências eclesiásticas. Setenta e três ex-alunos foram eleitos bispos da Igreja.
Atualmente, frequentam o colégio 108 sacerdotes em cursos de especialização. Além do testemunho de vida de tantos ex-alunos, ainda hoje atuando nas mais variadas dioceses do Brasil, temos que considerar os livros, artigos publicados e o magistério assumido nos seminários e universidades.
No entanto, o colégio tornou-se o ponto de referência para os brasileiros em suas peregrinações à cidade eterna. Aí se reúnem, com frequência, os milhares de brasileiros que vivem em Roma, especialmente membros de comunidades religiosas. O episcopado nacional, quando convocado em grupos para a visita quinquenal ao santo padre e às congregações romanas, encontra no vetusto colégio atenciosa acolhida.
O importante na comemoração destes 60 anos é a clareza de objetivos. Trata-se de assegurar a formação permanente e atualizada do clero para que possa melhor cumprir a sua missão. Os desafios de hoje exigem adequada preparação. O colégio continuará se empenhando para oferecer ambiente de intensa vida espiritual, de estudo e convivência fraterna para que os que aí se formam possam, à luz do Evangelho, responder sempre mais aos clamores e angústias de nosso povo.
No dia 28 de abril, durante a celebração de agradecimento a Deus, no Pio Brasileiro, houve uma homenagem ao irmão jesuíta Ricardo Marchi que, há 62 anos, deixou nossa pátria para até hoje trabalhar no colégio. Cena comovente. Este venerando religioso –sempre pronto a servir– é símbolo de amor à Igreja e da presença do Brasil em Roma.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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