São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Onda neo-hippie põe estilo do PT na moda

CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Onda neo-hippie põe estilo do PT na moda
Partido continua "bicho-grilo"
Quarta-feira à tarde, aeroporto de Brasília: chega a Executiva do PT para o Encontro Nacional. É fácil reconhecer os petistas entre os passageiros. O estilo "bicho-grilo" do partido continua o mesmo.
Os homens são aqueles quase sempre de barba, camisa de manga curta em tecido listrado, com um botão aberto a mais. As mulheres, de cabelão, saia rodada e sandálias nos pés.
Com um pouco mais de glamour, as petistas estariam perfeitamente sintonizadas com a estética atual: adoram roupas em batik (pintura artesanal do tecido) e patchwork (composições com retalhos).
Abusam dos coletes, também pintados à mão, e dos vestidos compridos, com estampas florais. Usam bijuterias coloridas, muitas vezes indígenas.
Cynthia Soares, professora e delegada do PT mineiro, não faz feio no melhor estilo neo-hippie, saia pintada, camisa de malha e colares no pescoço.
Moda masculina
Os homens perdem de longe em matéria de elegância. A barriguinha acentuada é traço marcante de sete em cada dez homens do PT –inclusive do virtual candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.
Quando o petista barrigudo está sentado, não fica muito elegante. A barriga estufa e quase estoura a camisa.
O deputado Vladimir Palmeira (RJ) sequer consegue fechar os botões de seu terno. José Cicote (SP) usa a calça presa abaixo da barriga.
Pelo menos as velhas bolsas tiracolo foram abandonadas. Agora todos usam pastas de mão, em couro. Alguns "tiracoleiros" resistem, mas com estilo.
Alberto Bastos, secretário-geral do PT carioca, carrega uma bolsa tiracolo da Next (grife da Mesbla) –atravessada no peito, para não perder o costume.
Destoando dos "hipongos" (gíria para adeptos antigos da moda hippie), o secretário de Relações Internacionais Marco Aurélio Garcia usa figurino "light": terno, óculos armação tartaruga e caneta Montblanc no bolso, como os figurões da era Collor.
Com as exceções de Garcia, José Dirceu (SP) e Jaques Wagner (BA), o grupo dos barbudos é um tanto desleixado na maneira de se vestir.
Os bigodudos como Aloízio Mercadante (SP), Olívio Dutra (RS) e Vítor Buaiz (ES) são mais vaidosos, sempre engravatados, bem penteados e jamais de sandálias nos pés.
Como a elegância ou, pelo menos as regras da moda, ainda não são uma bandeira petista, outras convenções, como maneiras à mesa, também não são lá muito consideradas por alguns membros do partido.

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