São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Lula percorre 30 mil km em campanha

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Lula percorre 30 mil km em campanha
Candidato passou por 25 Estados desde abril de 93; assessores atribuem bom desempenho nas pesquisas às viagens
Luiz Inácio Lula da Silva terminou na semana passada um périplo de 30 mil quilômetros que o levou a 25 dos 26 Estados brasileiros -só faltou o Espírito Santo.
Candidato à Presidência desde que perdeu a eleição de 89 para Fernando Collor de Mello, Lula começou sua campanha há mais de um ano e consolidou o primeiro lugar nas pesquisas eleitorais.
Quando começou a "Caravanas da Cidadania", em 19 de abril de 93, tinha 22% das intenções de voto e era lembrado por 10% dos eleitores nas pesquisas espontâneas (que não apresenta nomes).
Hoje, Lula tem 36% na pesquisa estimulada (com cartão) e 20% na espontânea.
"O crescimento se deve às caravanas", afirma seu assessor de imprensa Ricardo Kotscho.
O esboço das viagens surgiu em 89. Kotscho queria que Lula repetisse o trajeto que percorreu quando deixou Garanhuns (PE) com sua família em 52 e se mudou para o Estado de São Paulo.
O secretário particular de Lula, Wander Bueno do Prado, sugeriu viagens "temáticas", para discutir problemas de cada região.
Nenhuma das duas idéias prosperou. Lula estava no meio da campanha e não podia se dar ao luxo de fazer viagens longas.
Garanhuns
No ano passado, a sugestão de Kotscho vingou. Lula saiu de Garanhuns em 19 de abril.
No meio da viagem, decidiu que repetiria a experiência no resto do país. E batizou a empreitada de "Caravana da Cidadania".
Prado foi o estrategista das viagens. Elaborou o roteiro e passou por todos os lugares duas vezes -antes e durante as caravanas.
A única exceção foi a viagem à Amazônia, organizada pela ex-deputada estadual Clara Ant.
Na primeira visita, Prado tinha a função de levantar informações sobre a região, agendar as reuniões que Lula teria, analisar as condições de transporte e segurança e identificar hotéis e restaurantes que poderiam ser utilizados.
Quando iniciava a viagem, Lula sabia exatamente o que faria.
Também tinha sempre em mãos um dossiê sobre o Estado e as cidades por que passaria, além de um mapa da votação do primeiro e segundo turnos da eleição de 89.
Ao chegar em Barrolândia (TO), por exemplo, Lula sabia que tinha recebido 3% dos votos e Collor 70%.
Ônibus reserva
Lula era acompanhado por cerca de 40 pessoas. "Vinte iam no ônibus. Os seguranças viajavam de carro e mais um carro levava a equipe da produtora de vídeo que registrou a caravana", diz Prado.
Outro carro ia na frente para verificar se tudo estava como havia sido planejado.
O grupo era completado por um carro de som, que também chegava antes nos lugares para anunciar a passagem de Lula, e por um ônibus reserva, que viajava vazio.
A marca das caravanas era a pluralidade, afirma Prado. Lula conversou com sem-terra e grandes fazendeiros e foi recebido por prefeitos de partidos como PFL, PPR e PMDB.
Nas seis caravanas, o candidato petista manteve 27 reuniões com empresários, todas agendadas com antecedência.
"Em minha opinião, o encontro mais duro ocorreu em Campo Grande, com a Federação da Agricultura", lembra Prado.
Candidato único
Ele garante que a caravana não foi hostilizada. Kotscho observa que Lula tinha uma vantagem: era o único candidato declarado à Presidência. Portanto, não tinha adversários com quem pudesse dividir a preferência da população.
O surgimento de outros candidatos e o início oficial da campanha inviabilizam a continuidade das caravanas.
Prado diz que deverá ocorrer apenas mais uma nos moldes das realizadas até aqui. Ela vai percorrer o rio São Francisco durante a Copa do Mundo, quando o ritmo da campanha é reduzido.

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