São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994 |
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Se o país crescer, pode faltar comida
BRUNO BLECHER; SEBASTIÃO NASCIMENTO, SÉRGIO PRADO
Se o país crescer, pode faltar comida Quando o novo presidente tomar posse em janeiro de 95, os agricultores do Centro-Sul estarão concluindo o plantio da safra de verão e já ajeitando suas máquinas para a colheita que se inicia em março. Se até lá a economia brasileira entrar nos trilhos, o país precisará colher uma safra bem superior à de 94 para atender ao aumento da demanda por alimentos. "O grande desafio do novo governo na área agrícola será o de coordenar o processo de retomada do crescimento para aumentar a produção de alimentos", diz Amilcar Gramacho, economista da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). "Sem investimento não vamos conseguir sair do patamar atual de 74/75 milhões de toneladas de grãos", diz o economista Fernando Homem de Melo, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo. Para o economista, o retorno da política de crédito subsidiado, praticada durante as décadas de 60 e 70, está fora de questão. A estabilização da economia ajudaria, no entanto, a resolver o problema do financiamento. A queda drástica da inflação, segundo o economista, aumentaria depósitos à vista (base de cálculo da parcela que os bancos são, por lei, obrigados a destinar ao crédito rural) e facilitaria a concessão de empréstimos. Nova fronteiras As fontes básicas do crescimento agrícola são expansão da área cultivada e o aumento da produtividade da terra. "O crescimento da produtividade melhora a capacidade competitiva do país; reduz o preço dos alimentos e diminui a necessidade de expansão da área cultivada na fronteira agrícola, evitando os impactos ambientais negativos", explica Homem de Melo. Mas no cenário mais otimista – crescimento da economia brasileira e do mercado internacional – , o país ainda terá de extender a área plantada para responder ao aumento da venda de alimentos. Terra não falta. A região dos cerrados, no Brasil Central, possui cerca de 85 milhões de hectares próprios para a agricultura, o suficiente para se produzir mais de 400 milhões de toneladas de grãos. Enquanto a produção cresce, os problemas com transporte estão se agravando. "O efeito de nossa precária infra-estrutura de transporte é o de reduzir o preço recebido pelos produtores no Brasil Central. Isto compromete a nossa competitividade e limita a expansão da área cultivada", diz Homem de Melo. Há consenso de que a ferrovia pode resolver os problemas de transporte na região. Programas A campanha contra a fome conseguiu despertar a atenção dos partidos para a agricultura. A política agrícola ganhou maior destaque nos programas de governo. Os partidos, porém, não apresentam propostas práticas, que ainda são vagas e retóricas. (Colaboraram SEBASTIÃO NASCIMENTO e SÉRGIO PRADO, da Reportagem Local) Texto Anterior: Redefinir qual é o papel social das empresas Próximo Texto: Ministério da Fazenda dita política agrícola Índice |
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