São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
Texto Anterior | Índice

Construtora usa qualidade para enfrentar a recessão

Empresa pernambucana consegue aumentar recursos para investimentos
Para conseguir estabilizar-se em um mercado dominado pelos cartéis, a JPM Construtora Ltda., empresa de médio porte sediada em Recife, investiu em um programa de melhoria das condições de trabalho, do processo construtivo e de atendimento aos clientes.
O empresário Armênio Ferreira, sócio da construtora, conta que as alterações começaram em 1987, sete anos após a fundação da empresa e dois anos depois da entrada do grupo em um mercado mais exigente: o dos imóveis destinados à classe média.
‘‘Nossa margem de desperdício chegava a 20% na época. A mão-de-obra não-qualificada agravava a situação’’, diz o empresário. Juntos, os dois problemas representavam um rombo de 10% no faturamento da empresa.
As avaliações, contudo, ‘‘eram rudimentares’’ e as soluções seguiam mais um processo intuitivo do que científico. A primeira providência foi a informatização, que conseguiu melhorar o controle do estoque, agilizar a contabilidade e os setores de compra e pessoal.
Mais competitividade
A medida, porém, foi insuficiente. A exigência dos clientes e a queda no preço dos imóveis em até 30%, provocada pela recessão, obrigavam a empresa a ganhar competitividade, a melhorar a qualidade e a reduzir ainda mais os seus custos.
Os encarregados das obras passaram então a frequentar cursos. Mas a consolidação do trabalho, segundo Ferreira, só veio a partir de 1992, com a implantação de um programa de Qualidade Total, ministrado pelo Sebrae, Associação das Empresas de Mercado Imobiliário e Sindicato das Indústrias de Construção.
Com o programa, a JPM passou a planejar seus lançamentos. Estendeu os cursos a todos os níveis de funcionários e reduziu os custos por meio de incentivos à mão-de-obra, compatibilizando-os aos projetos.
Com isso, afirma Ferreira, a construtora conseguiu reduzir em até 20% o número de operários em uma obra. Aumentou a produtividade ‘‘sem perda de qualidade’’ e melhorou ‘‘o bem-estar dos funcionários’’. ‘‘Houve ainda melhoria no fluxo de caixa e, em relação a 1988, a empresa ganhou 12% a mais de recursos para reinvestimento’’, disse.
Reduzir desperdício
Uma das metas da JPM para os próximos quatro anos, segundo Ferreira, é reduzir o desperdício de materiais, que ainda continua alto (em torno dos 15%). ‘‘É um processo que vai acontecer na medida em que o programa na empresa se desenvolve’’, explica.
Com cerca de 200 funcionários, a JPM hoje faz parte de um grupo que inclui a M Bacelar Construtora Ltda., criada em 1988. Juntas, as empresas já construíram o equivalente a 600 apartamentos de 100 metros quadrados.

Nome: JPM Construtura Ltda.
Ramo: construção
Antes: desperdício de materiais de 20%, o que provocava um ‘‘rombo’’ de 10% no faturamento
Depois: informatização melhorou o controle de estoques e o desperdício de materiais caiu para 15%; recursos para investimento cresceram 12%

Texto Anterior: Sua empresa trabalha com qualidade?
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.