São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Candidatos iniciam campanha sem projetos contra a crise

MARIO VITOR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A campanha começou, candidatos correm o país em busca de votos, montam-se palanques, acordos e coligações, mas ainda não se tem idéia das propostas dos postulantes para os problemas nacionais.
Sobre o principal tema da campanha, a crise econômica, que mantém hoje 1 milhão 243 mil desempregados só na Grande São Paulo (mais do que a população de Porto Alegre) e espalha miséria e violência pelas ruas das cidades, surgem vagas e surradas alternativas.
Também algumas novas promessas são feitas. Como as do passado, estas não são acompanhadas de explicações coerentes sobre a origem dos recursos para os milagres que anunciam nem metas claras e exeqüíveis que respeitem a inteligência – e a experiência – do eleitor.
Como se pode ver, nesse pioneiro esforço que a Folha faz para contrapor o debate das propostas à demagogia açodada das campanhas, existe consenso quase geral sobre a falência do modelo econômico, que disvirtuou e destruiu a capacidade de operação do Estado, atrofiou a indústria, concentrou renda e lançou a inflação a 3.857,07% nos últimos doze meses.
O que pôr no lugar desse modelo? A seis meses da eleição, ainda não existem programas claros, aptos a conduzir o país ao crescimento consistente e embasar legitimamente a caminhada de um candidato ao Planalto.
Postulantes e partidos parecem de novo confiar na construção de imagem eleitoral redentora, que submeta e reduza esperanças da sociedade a delírio personalista.
É esse o estilo de campanha que centrará sua estratégia em ataques pessoais. Crêem que a sociedade não mudou nos últimos cinco anos. Só o processo e a qualidade dessas eleições dirão se têm ou não razão.

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