São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994 |
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Morte do modelo une Lula a FHC
CLÓVIS ROSSI; JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
Tasso Jereissati (PSDB) O Brasil vai às urnas, na sua primeira eleição geral em meio século, com um cadáver insepulto assombrando o país. Há virtual unanimidade, entre intelectuais e lideranças políticas ouvidas pela Folha, inclusive do PT, em dar como morto, mas ainda não enterrado, o modelo de desenvolvimento adotado a partir dos anos 30. O único a não concordar com a virtual falência do modelo chamado de nacional-desenvolvimentista, é o ex-governador do Paraná, Roberto Requião, pré-candidato do PMDB às eleições. Para ele, o modelo "não faliu. É um modelo concentrador de renda, excludente e, por isto, incapaz de superar a miséria". Requião aproveita para provocar: "O Plano FHC, por exemplo, não mexe com o modelo, apenas busca um ajuste do processo inflacionário". Razões O PDT também faz uma nuance na constatação generalizada de que o modelo, em algum ponto da década de 70 ou 80, esgotou-se. Primeiro, convém entender o porquê de o modelo ter sido designado de nacional-desenvolvimentista. Nacional, porque assentou-se na industrialização a partir da substituição das importações. Tentou-se, pouco a pouco, produzir no Brasil o que se importava do exterior. Desenvolvimentista, por motivos óbvios: o modelo foi o responsável direto por um formidável crescimento econômico, que levou o Brasil a pular do 52.º lugar mundo, em matéria de renda per capita, para o 34.º lugar. Honra Os que decretam a falência acham que, por serviços prestados, ele merece um funeral de honra. "Foi, até esgotar-se, o modelo mais bem sucedido. Conseguiu resultados fantásticos", diz, por exemplo, Tasso Jereissati, presidente nacional do PSDB. "O crescimento econômico brasileiro, nas três décadas que seguiram à Segunda Guerra Mundial, foi extraordinário, superior ao dos demais países em desenvolvimento, inclusive suplantando os chamados tigres asiáticos", reforça o ex-governador Orestes Quércia, um dos candidatos do PMDB. Feito o inventário, cabe introduzir a ressalva do PDT, na boca de Hésio Cordeiro, reitor da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e responsável pela coordenação do programa de governo do partido que reivindica a herança do ideário nacionalista identificado nas gestões dos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart. Para Cordeiro, o que se esgotou no chamado modelo econômico nacional-desenvolvimentista foi apenas a sua parte relativa à estratégia de substituição das importações. "Nem a questão nacional, em termos de soberania, nem a questão do desenvolvimento estão superadas", afirma. Texto Anterior: Candidatos iniciam campanha sem projetos contra a crise Próximo Texto: Prioridade de todos é a reconstrução do Estado Índice |
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