São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Imigrante brasileiro faz a América de táxi

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Os brasileiros estão se difundindo rapidamente em uma das profissões que gera mais empregos para imigrantes legais e ilegais em Nova York: a de motorista de táxi.
Alguns brasileiros já montaram até companhias organizadas que distribuem trabalhos para outros taxistas, todos do Brasil.
A Andréa Car Service, por exemplo, é uma empresa dirigida por um brasileiro que tem 45 imigrantes de vários Estados do país.
Outra companhia, a Advance Capital, tem 20 motoristas brasileiros.
"É uma das profissões mais fáceis para quem chega nos EUA", diz Alexandre Scotton, dono da Andréa Car Service. "Há várias pessoas novas no negócio."
"Black cars"
O maior número de brasileiros concentra-se no ramo dos "black cars" (os rádio-táxis), embora também trabalhem para as frotas dos táxis amarelos (os "medalhões").
Há também um número grande de independentes que sequer têm autorização para transportar pessoas. São os chamados "gybsys", ou piratas.
A maioria dos taxistas brasileiros não tem um "green card" ou permissão para trabalhar nos EUA. Mesmo assim conseguem registro na profissão.
Basta levar a carteira de motorista brasileira ao departamento de trânsito da cidade com uma tradução do seu conteúdo fornecida pelo Consulado do Brasil e fazer um teste escrito, em português.
Com a nova carteira, os imigrantes já podem se registrar na Taxi and Limousine Commission (TLC), responsável pela atividade em Nova York.
Registro de US$ 1.600
O maior problema é o dinheiro. O registro, com todas as taxas, sai por US$ 1.600 (cerca de CR$ 2 milhões).
Segundo a TLC, existem cerca de 1.600 motoristas latino-americanos entre os mais de 40 mil que se revezam na direção dos 11.787 táxis amarelos de Nova York. Cerca de 160 desse total são brasileiros.
Entre os mais de 70 mil motoristas que trabalham com "black cars", o número de brasileiros é estimado em mais de 4.000.
A frota de "black cars" tem cerca de 45 mil veículos que operam em Nova York e arredores.
Os táxis amarelos concentram-se em Manhattan.
Muitos brasileiros tem carro próprio, adquirido por leasing, onde pagam prestações enquanto usam o veículo.
Eles trabalham para empresas que distribuem os pedidos dos passageiros pelo rádio, pagando uma comissão ou taxa fixa pelo serviço.
Outros usam os carros das próprias empresas de rádio-táxi até conseguirem um leasing.
Entre os motoristas dos táxis amarelos, o número de brasileiros donos de carros é irrisório.
Eles geralmente trabalham para frotas de veículos, segundo o Taxi Cab Board of Trade, que representa os donos de frotas.
A licença para ser proprietário de um táxi amarelo em Nova York custa US$ 150 mil (CR$ 180 milhões).
O preço é alto porque o número de "medalhões" continua igual há anos na cidade.

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