São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
Próximo Texto | Índice

Frio 'disfarça' doenças de escritório

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Queixas como garganta irritada, tosse, resfriados frequentes, visão turva e olhos coçando se tornam comuns com a chegada do inverno.
Mas poucos reparam que a causa desses males pode estar na poluição dentro do próprio ambiente de trabalho. O problema é tão comum que até ganhou um nome especial: "síndrome de escritório".
Trabalhar dia após dia dentro de uma sala fechada traz vários riscos para a saúde da maior parte dos profissionais. E más condições do ambiente de trabalho prejudicam o desempenho.
Ar-condicionado, iluminação inadequada, excesso de barulho, cigarros, uso de computadores e estresse diário são os principais responsáveis pelo desconforto. A lista de problemas de saúde inclui ainda zumbidos nos ouvidos e "queimação" no estômago.
Sofrendo esses sintomas, o bom humor e a disposição acabam sendo substituídos pela irritação, dor de cabeça, cansaço, desânimo, dificuldade de concentração e queda no rendimento.
Cuidados
O próprio profissional deve tomar algumas das providências (veja quadro abaixo) para aliviar seu desconforto no ambiente de trabalho. Outras medidas podem ser cobradas da empresa.
Cuidados básicos com aspectos comuns das salas reduzem de forma significativa a ocorrência da "síndrome de escritório".
Locais fechados e com má ventilação propiciam o acúmulo de poeira, fumaça, vírus e bactérias.
Essa situação facilita o início das alergias e infecções respiratórias que se multiplicam entre colegas com rapidez assustadora.
O sistema de ar-condicionado precisa de manutenção periódica. Alguns produtos químicos usados na limpeza dos aparelhos podem irritar o nariz e a garganta.
A acústica também merece atenção especial. Máquinas de escrever, impressoras, telefones e até os barulhos provocados pelo sistema de ar-condicionado e pela luz fria podem conturbar o escritório.
Carpetes, tecidos grossos e plantas "absorvem" mais o som e melhoram as condições do ambiente de trabalho.
Iluminação
A iluminação insatisfatória exige maior esforço visual. Luzes fracas ou piscando trazem prejuízos para os olhos. Já o excesso de luz e superfícies que refletem muito a claridade podem ofuscar a visão.
"A necessidade de luz varia com a função e com a idade da pessoa. A mesma luz no escritório pode não beneficiar todos", lembra Magda Raquel Fincatto, 28, oftalmologista.
Computadores
Lys Esther Rocha, médica da Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo (DRT), acredita que a estrutura física de muitos escritórios não acompanhou a evolução tecnológica.
"O computador foi ocupando o espaço de qualquer maneira. Em muitas empresas não houve adaptações arquitetônicas ou de mobiliário", afirma Lys.
Dores nas costas, pescoço, ombros, mãos e punhos podem ser sinais de que o trabalho com os terminais de computador está sendo feito de modo impróprio.
O esforço repetido pode sobrecarregar músculos e articulações e causar lesões. A mais conhecida é a tenossinovite (dor, inchaço e rigidez nas mãos e punhos).
Muita gente acaba levando as tensões para casa e não consegue relaxar. A pressão arterial e os batimentos cardíacos podem aumentar e pioram ainda mais a saúde.
Os olhos também são vítimas das telas dos computadores, da fumaça e do ressecamento do ambiente causado pelo ar-condicionado. Os usuários de lentes de contato são os que mais sofrem.

Próximo Texto: Empresa inaugura academia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.