São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Ricci coloca 1º projeto à venda pelo sistema

TELMA FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL

A construtora Ricci Engenharia é a empresa pioneira em planejar um empreendimento para ser construído através de recursos captados pelo sistema de Fundos de Investimento Imobiliário.
Através da Corretora RMC, no dia 16 de abril a Ricci obteve a primeira autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para operar com os Fundos.
O projeto em questão prevê a construção e posterior locação de um edifício de escritórios.
O Memorial Office Building, com uma área de 30 mil m2, será erguido no bairro da Água Branca (zona oeste), próximo ao Memorial da América Latina.
Esse projeto será viabilizado através da venda de cotas para investidores.
O custo estimado do empreendimento é de US$ 25,5 milhões. O Fundo para construção será formado por 500 mil cotas de US$ 51.
Essas cotas, que começam a ser vendidas amanhã, deverão integralizar o total necessário nos 31 meses de duração da construção.
A partir do momento em que o edifício ficar pronto, os escritórios serão alugados –cabendo a cada cotista renda mensal proporcional à sua participação.
José Stefanes Ferreira Gringo, 52, diretor-superintendente da construtora Ricci, afirma o investimento mínimo no projeto é de US$ 1.581.
Equivale a dizer que esse cotista irá desembolsar US$ 51 mensalmente, durante 31 meses.
Só depois de investir esse capital por cerca de 2,5 anos é que o cotista começa a receber o retorno do capital, de acordo com a receita gerada pela locação do prédio.
Gringo estima que 90% dos escritórios devem estar alugados após 90 dias da data de conclusão das obras.
"A tendência é que em seis meses o edifício todo esteja locado, pelas características do projeto e do local escolhido", diz Gringo.
Segundo o diretor-superintendente da Ricci, ensaios feitos pelos envolvidos no negócio mostram que o retorno do capital investido deve acontecer em seis anos.
O investidor que tiver interesse em revender suas cotas, pode fazê-lo por um sistema semelhante ao que existem para as ações.
As cotas do Fundo poderão ser negociadas no chamado mercado secundário da Bolsa de Valores.
"Nos futuro, os Fundos vão competir com as aplicações financeiras, em função das atrativas taxas de rentabilidade que devem proporcionar", afirma Gringo.
Para esse primeiro empreedimento, a Ricci e RMC Corretora esperam vender as cotas principalmente a outras instituições financeiras.
"A médio e longo prazos o sistema também deve atrair os pequenos e médios poupadores comuns, e não apenas quem de alguma forma já esteja ligado ao setor imobiliário", diz Gringo.
Os Fundos consistem basicamente em uma forma alternativa de captação de recursos para a produção do setor imobiliário.
Sua aprovação foi muito festejada pelos empresários do setor, que enxergam no sistema uma possibilidade de maior independência desse mercado em relação aos bancos e ao governo.
Os Fundos de Investimento imobiliário já funcionam no exterior, em locais como Europa e EUA. O sistema brasileiro se "inspirou" principalmente no modelo utilizado na França.
O sistema exige a presença de uma construtora para cuidar do empreendimento e uma instituição financeira para captar e administrar os recursos dos investidores.

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