São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Críticos atacam a Lei Brady

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A primeira regulamentação federal de restrição à venda de armas nos EUA, a Lei Brady, entrou em vigor há dois meses, com discutível eficácia.
O inspirador da legislação, James Brady, assessor de imprensa do ex-presidente Ronald Reagan, baleado com ele em atentado em março de 1981, diz que ela está dando certo. Críticos que a consideram excessiva ou insuficiente discordam.
A Lei Brady se restringe a impor moratória de cinco dias na compra de arma. Nesse período, a polícia investiga a ficha criminal do comprador. Se ele tiver sido condenado por delito grave, a compra não se consuma.
O primeiro problema com a lei é que ela só se aplica nos 30 Estados em que nenhuma checagem do cliente era feita pelo vendedor. Nos outros 20, em que tal vistoria se realiza com um simples telefonema, nada mudou.
Nos dois meses de vigência da lei, cerca de 700 mil verificações foram feitas e 50 mil transações impedidas.
É uma gota no oceano. A cada dois meses, 1 milhão de armas são adquiridas no país e se somam às 212 milhões já em poder do público.
Embora seja evidente a relação entre número de crimes cometidos com arma de fogo e sua disponibilidade para o público, nem o Congresso nem o presidente parecem dispostos a agir com decisão para reduzi-la.
O lobby dos fabricantes de armas de fogo, que produzem uma nova a cada dez segundos, é um dos mais poderosos dos EUA. Na Lei de Crime aprovada pelo Senado, constava um item para proibir a fabricação de nove tipos de armas de repetição automática. Mas na Câmara esse artigo caiu.
Em cerca de 53% dos domicílios norte-americanos há armas de fogo –em média, quatro em cada um deles. Os tribunais costumam ser indulgentes com os cidadãos que matam quando sentem suas residências ameaçadas.
(CELS)

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