São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Cabelos por um fio

HELOISA HELVECIA

A tendência agora é tosar a cabeleira com máquina três. Tudo bem ser "careca" por opção: problema é cair na moda como vítima. A queda de cabelo assusta quase toda mulher e acaba aparecendo em alguma fase da vida. Normal. Mas não custa prevenir, ver o médico se for o caso e distinguir paranóia de evidência. Calvície feminina é quase sempre reversível.
CAUSAS
Seborréia, trauma físico (manipulação excessiva), alterações hormonais, estresse e deficiência de vitaminas são os motivos mais comuns da queda de cabelos. O problema pode aparecer depois de um regime e, às vezes, é sinal de doenças como anemias graves, hipertireoidismo, sífilis etc. No pós-parto (até 15 meses depois), a queda dos fios é normal. Algumas drogas (como as que reduzem o colesterol) também podem causar a queda. Na fase da menopausa, a redução do estrógeno (hormônio feminino) no organismo faz cair cabelo.
PREVENÇÃO
Quem puxa os cachos, manipula demais os fios, faz muito rabo-de-cavalo ou adora a trinca bobbie-escova-secador pode conseguir queda de cabelo por trauma físico. Esticar fios para trás força as raízes e favorece a formação de entradas. Deve-se evitar, também, secar os cabelos com toalha com muita força. Secador também é um inimigo em potencial.
TRATAMENTO
Se a causa da queda é a seborréia (oleosidade excessiva no couro cabeludo, coceira e descamação), o tratamento consiste no uso de xampu receitado por dermatologista. Nesses casos, o secador fica vetado. Quando o médico suspeita que um problema hormonal está provocando a "rarefação" ( o cabelo fica ralinho e quem bate o olho consegue ver o couro cabeludo), pede um perfil hormonal da paciente. Tumores ovarianos e ováricos policísticos podem estar por trás da queda de cabelo. A alopecia da causa hormonal é reversível e pode ser combatida com remédios como Flutamida (via oral), que bloqueia a queda (só funciona para mulheres). Crises emocionais e estresse pedem que se ataque o problema "na raiz". Junto com a terapia ou o tranquilizante, a paciente pode usar xampus especiais.
QUANDO SE PREOCUPAR
A perda entre 50 e 100 fios por dia é considerada normal (quanto mais jovem é a pessoa, mais cabelos ela perde; uma pessoa idosa perder cem fios por dia não é normal). A mulher deve esquentar a cabeça ao encontrar fios de cabelo no travesseiro, nas roupas (perto dos ombros), no chão da casa e sobre o papel, quando lê ou escreve. Quanto mais cedo ela procura um médico, melhor o prognóstico.
AS TRÊS FASES DO FIO
O fio de cabelo tem um ciclo de vida. No início, ele cresce sem para por um período de dois a três anos. É o que os dermatologistas chamam de fase anágena (cabelo novinho, em crescimento). Daí estaciona, ou melhor, entra em regressão por um período de até três semanas. É uma espécie de meia-idade do cabelo, ou fase catágena. O período seguinte é a do fio maduro, que se desprende do couro cabeludo – a fase telógena, que dura de três a quatro meses.
EXAME
As clínicas de dermatologia recebem muitas mulheres alarmadas sem motivo com queda de cabelo. Normalmente, o médico descobre se a queixa procede ou não através da simples manipulação do fio e da história da paciente. Mas, se necessário, pode recorrer a um exame chamado tricograma: nesse teste, são arrancados da raiz, com técnica especial, 20 fios da paciente. Esses cabelos são analisados em microscópio. Um cabelo normal vai apresentar 85% dos fios na fase anágena (aquela do cabelo novo), 14% na fase telógena e apenas 1% em queda acelerada.
BOATOS
Lavar o cabelo todo dia apodrece a raiz. Boato. Quem tem seborréia deve lavar os fios diariamente, para reduzir a oleosidade, que impede a oxigenação das raízes. Recomenda-se, porém, não esfregar demais o couro cabeludo.
O cabelo deve ser escovado cem vezes, em todas as direções, antes de dormir. Boato. O exagero pode gerar queda por trauma.
Cortar o cabelo ajuda o tratamento contra a queda. Fato e boato. Cortar o cabelo não "dá mais força" aos fios, mas um cabelo mais curto auxilia a aplicação de fórmulas contra a queda, facilita os cuidados e evita trauma na hora de pentear. O cabelo muito pesado (muito longo) força a raiz, o que não é bom para quem está com problema de queda.

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