São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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Assessor está com Lula desde 1981

Prado organiza vida do candidato

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Wander Bueno do Prado, 41, é o assessor mais antigo de Luiz Inácio Lula da Silva. "Conheço o Lula melhor do que conheço meu irmão", disse à Folha.
Sociólogo e ex-metalúrgico, Prado começou a trabalhar com Lula em 81.
Desde então, é seu secretário particular. Cuida da agenda e organizar a vida do candidato.
Só se afastou da função entre 90 e 92, quando coordenou o governo paralelo do PT (criado depois da derrota nas eleições presidenciais de 89).
Voltou em 93 para organizar as caravanas da cidadania e participar da campanha.
Folha - Como o sr. começou a trabalhar com Lula?
Wander Bueno do Prado - Eu conhecia o Lula do movimento sindical, mas era mais ligado ao irmão dele, o Frei Chico.
Em 81, eu dava algumas aulas e estava procurando emprego. No ano anterior eu havia deixado meu emprego na metalúrgica ZF do Brasil (em 81 terminou o curso de sociologia na Fundação Santo André, no ABC paulista).
O Lula precisava de alguém que cuidasse de sua agenda durante a campanha de 82 para o governo de São Paulo. O Frei Chico me indicou e eu aceitei.
Folha – Qual o momento político mais difícil que o senhor viu o Lula enfrentar?
Prado - A derrota nas eleições de 82.
Folha - Foi pior que a derrota para Fernando Collor de Mello nas eleições presidenciais de 89?
Prado - Muito pior. Pela quantidade de gente que nós conseguimos reunir e no final ter tão poucos votos como tivemos (Franco Montoro ganhou as eleições e Lula ficou em quarto lugar).
Demorou uns seis meses para ele se reerguer novamente. O PT havia sido fundado em 80 e a derrota provocou dúvidas sobre a viabilidade do partido.
Em 89, a votação do Lula foi muito grande e nós tínhamos claro que seria difícil ganhar a Presidência.
Folha - Com que frequência o sr. conversa com Lula?
Prado - Quase todos os dias, por telefone ou pessoalmente.
Folha - Vejo que o sr. tem um "scrambler" (misturador de vozes usado contra a escuta telefônica). O sr. o utiliza para falar com Lula?
Prado - Comprei no ano passado e nunca usei. As coisas importantes nós falamos pessoalmente.
Folha - A qual tendência o sr. pertence dentro do PT?
Prado - Você vai ter que acreditar em mim. Nunca pertenci a nenhuma corrente e nunca tive cargos na direção do partido.
Sempre achei que seria incompatível ter um cargo no PT e ao mesmo tempo ser tão próximo do presidente do partido.

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