São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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Tendências dividem comando da campanha

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A maioria deles é paulista, ruim de voto e participou dos movimentos de esquerda nas duas últimas décadas. Quatro são ex-guerrilheiros. São as 13 pessoas que formam o comando da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva e que representam o arco de tendências que compõem o PT.
Há apenas dois parlamentares no grupo. A maior parte é formada por intelectuais ou dirigentes partidários. Deputados do partido comentaram que o comando está nas mãos dos "sem voto".
O grupo conta com um empresário que não é filiado ao PT: Oded Grajew. Ele atua nas áreas de construção civil e propaganda. Colheu sugestões de empresários para o programa. Agora, vai recolher constribuições de empresários.
A presidência do partido fica com o deputado estadual Ruy Falcão (SP), um líder da esquerda do PT. Ele participou da luta armada contra o regime militar pela organização Var Palmares.
Falcão não gasta de falar sobre esta experiência. "Qual o interesse disso agora? A anistia apagou tudo", diz. Enquadrado em cinco artigos da Lei de Segurança Nacional, passou três anos na prisão.
A coordenação da campanha será dividida entre Falcão, Luiz Eduardo Greenhalgh e o deputado Aloízio Mercadante (SP). Greenhalgh representa a extrema esquerda do partido. Mercadante fica mais ao centro. É cotado para ser o ministro da Fazenda de Lula.
A elaboração do programa de governo será coordenada por Marco Aurélio Garcia, intelectual de grande influência sobre Lula, articulado com o grupo de centro.
Também participam da coordenação João Machado e Cesar Benjamin, representantes da esquerda. Benjamin provocou polêmica ao defender a quadruplicação das verbas para as Forças Armadas.
As alianças nos Estados, importantes para a eleição de Lula, serão acompanhadas pelo secretário-geral do partido, Gilberto Carvalho. Ligado à ala progressista da Igreja Católica, professor de filosofia, nunca exerceu mandato eletivo. É dirigente do partido há quatro anos.
A propaganda do PT nos veículos de comunicação está nas mãos da liderança mais radical do partido: Markus Sokol, da tendência Na Luta PT. Defendeu na Convenção a suspensão do pagamento da dívida externa.
A tesoureira oficial da campanha será Tatau Godinho, uma professora de inglês sem grande experiência na área. Ela espera grande arrecadação entre os cerca de 100 mil militantes do partido, mas também conta com a contribuição de empresários.
O grupo também conta com dois intelectuais que atuam como conselheiros de Lula: Paulo Vanucchi e Amilton Pereira. Os dois participaram da luta armada. Clara Ant faz a memória da Caravana da Cidadania.

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