São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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Para o PFL, real em 1º de julho já chega com atraso de seis meses

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL avalia que o real, que deve ser lançado em 1º de julho, chegará com seis meses de atraso. O partido considera que o governo perdeu tempo e se desgastou com a demora em criar a nova moeda.
A cúpula do PFL, que formaliza na segunda-feira a aliança com o PSDB para as eleições presidenciais, preferiria que o real tivesse sido criado no final de 93.
A tese do PFL é que o lançamento da moeda em dezembro, ou até mesmo em janeiro, teria forçado o Congresso a aprovar na revisão constitucional as reformas essenciais para sustentar o plano a longo prazo.
Os pefelistas avaliam que nem o candidato do PSDB à Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso, nem o presidente Itamar Franco se empenharam adequadamente com relação aos trabalhos da revisão constitucional.
Com a aliança com os tucanos, os pefelistas não têm dúvidas de que o plano de estabilização não se sustenta a médio prazo, mas renderá dividendos políticos para FHC nas eleições presidenciais.
Os economistas Daniel Dantas, do grupo Icatu, e Paulo Guedes, do banco de investimento Pactual, os administradores de empresa Thomáz Pompeu Magalhães, Nilton Molina e Roberto Procópio Lima Neto, candidato do PFL ao governo do Rio de Janeiro, integram o time que é consultado pelo PFL sobre temas econômicos.
Daniel Dantas chegou a participar de uma reunião do ex-governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, com o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), Pérsio Arida, há cerca de 15 dias. O cardápio da conversa foi o cronograma do plano.
Paulo Guedes também já se encontrou com o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, o assessor especial da Fazenda, Edmar Bacha, e o secretário de Política Econômica, Winston Fritsch.
Na realidade, o PFL atualmente acha que o governo inha um único interesse na revisão constitucional: a aprovação do FSE (Fundo Social de Emergência).
O FSE é conhecido entre os pefelistas como "meia-sola" por não ter solucionado os principais problemas de caixa do governo.
A "meia-sola" serviria para gerar recursos para pagamento dos encargos da dívida interna, funcionalismo público e Previdência.
Além disso, muitos parlamentares e economistas ligados ao PFL criticam a criação da URV (Unidade Real de Valor) como mecanismo de transição entre o cruzeiro real e a nova moeda.
A aliança com os tucanos impede os pefelistas de fazer críticas públicas. Reservadamente, o PFL atribui à URV um desgaste político por ter promovido uma aceleração de preços.
Por isso mesmo, a cúpula do partido não esconde que desejaria que FHC tivesse criado o real há seis meses. O lançamento em julho pode ajudar a candidatura do ex-ministro da Fazenda, mas o plano correria riscos a partir de 94.

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