São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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Ensaio de orquestra

Benedito Valadades, interventor em Minas Gerais durante o governo Vargas, ficou famoso pelos tropeços no vernáculo. Desesperados, seus assessores acabaram por convencê-lo a contratar o talentoso escritor Mário Mattos para escrever seus discursos.
O teste foi num seminário sobre o potencial mineral do Estado. Valadares enfiou no bolso o texto, que obedecia a todos os ditames da língua, e partiu para a solenidade.
Compenetrado, o governador lia o discurso de forma escorreita, e parava a cada fim de parágrafo para colher os aplausos. Chegou, enfim, a um trecho que falava sobre as reservas de minério de ferro:
– São as maiores do Brasil, "cuíca" do mundo.
Ninguém entendeu. A audiência toda se perguntava que cuíca era aquela. Só mais tarde, com a divulgação do texto, percebeu-se que o autor escrevera "quiçá do mundo".
Com o fim da ditadura Vargas, o compositor Rômulo Paes usou o episódio como tema de uma marchinha carnaveslca. Cantou-se muito o trecho: "Benedito/branco da alma preta/deixou de tocar corneta/e aprendeu a tocar cuíca".

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