São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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Williams silencia sobre acidente

FLAVIO GOMES
DO ENVIADO ESPECIAL

A Williams silenciou sobre a morte de Ayrton Senna. Nenhum representante da equipe explicou as razões do acidente e nada foi dito sobre o futuro do time no campeonato.
A equipe é atual bicampeã mundial de F-1. Conquistou o título de 92 com Nigel Mansell e de 93 com Alain Prost. Antes, fora campeã mundial de construtores em 80, 81, 86 e 87.
O substituto de Senna no GP de Mônaco deve ser o escocês David Coulthard, atual piloto de testes da equipe. Não há, porém, nenhuma definição quanto às demais provas da temporada.
Senna foi contratado pela Williams em outubro do ano passado. Foi sua volta ao time que lhe deu a oportunidade de guiar pela primeira vez um carro de Fórmula 1, em 1983.
Naquela ocasião, Frank Williams "emprestou" o carro de Keke Rosberg a Senna, que fez um teste no circuito inglês de Donington Park. Ayrton impressionou, andando mais rápido que o primeiro piloto da equipe.
Desde o final de 91 que Senna desejava ir para a Williams. Sentia-se desgastado na McLaren e achava que a equipe adversária seria a melhor nos campeonatos seguintes porque era a que tinha o melhor motor e dominava como ninguém a tecnologia das suspensões ativas.
No final de 92 esteve perto de um acordo, mas foi atropelado pelo inimigo Alain Prost, que tinha boas relações com a fábrica de motores Renault. O francês vetou a presença de Senna na equipe.
No ano passado Ayrton negociou secretamente com a Williams de julho a setembro. Prost soube e resolveu parar de correr. A contratação foi oficializada antes do final da temporada.
Em 19 de janeiro deste ano Senna sentou-se pela primeira vez no carro da nova equipe. Foi um teste no circuito do Estoril, em Portugal. A máquina era um FW15, modelo de 93 adaptado às novas regras.
Ayrton não ficou bem impressionado com o que viu. Desde o come reclamava que a Williams, sem suspensão ativa, era um carro muito difícil de dirigir. Falou o mesmo quando testou pela primeira vez o FW16 em Silverstone (Inglaterra) e depois Paul Ricard (França).
O contrato de Senna com a Williams iria até o final de 95. Ayrton nunca falou em parar de correr. Seu sonho secreto era ganhar mais dois títulos para igualar-se a Juan Manuel Fangio e, então, encerrar a carreira. Via na Williams a chance de realizá-lo.

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