São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Falha na suspensão é possível causa

FLAVIO GOMES
DO ENVIADO ESPECIAL

O acidente que matou Ayrton Senna foi causado provavelmente por uma quebra na suspensão traseira de seu carro na sétima volta do GP de San Marino.
A Williams, sua equipe, não se pronunciou sobre as razões da perda de controle da máquina na curva Tamburello, onde Senna bateu.
O acidente aconteceu às 14h12 locais, 9h12 de Brasília. Senna liderava a corrida com 0s682 de diferença sobre Schumacher, o segundo colocado. Ele largara na pole, pela terceira vez no ano.
A curva Tamburello fica logo após a reta dos boxes, para a esquerda. Naquele ponto os carros de F-1 passam a quase 300 km/h.
Senna não conseguiu contorná-la e bateu com o lado direito de seu carro no muro de concreto.
A chegada das equipes de socorro foi rápida –cerca de 20 segundos. Mas ninguém tocou no piloto até que os médicos chegassem lá. Um colar protetor foi colocado em seu pescoço.
Retirado do cockpit, Senna foi deitado numa maca, desacordado, e ali mesmo foi feita uma traqueostomia porque o piloto tinha dificuldade de respirar.
Um helicóptero vindo de Bolonha, a 35 km de distância, pousou na pista para removê-lo. Foi o mesmo helicóptero que levou o austríaco Roland Ratzenberger para o hospital anteontem.
Às 14h33 o helicóptero decolou para o hospital Maggiore, em Bolonha. Chegou às 14h44. Ayrton foi levado para a UTI do setor de reanimação, no 11º andar.
Durante o vôo para Bolonha, Senna teve uma parada cardíaca e a circulação comprometida.
No hospital, a circulação foi reativada por aparelhos, assim como a respiração.
Às 17h55, era declarado em coma profunda. Às 18h05, a médica-chefe do setor de reanimação, Maria Tereza Fiandri, informou que já não havia mais atividade cerebral no piloto.
As leis italianas não permitem o desligamento de aparelhos que mantém vivos pacientes nessas condições. Pouco depois Fiandri informou que os sinais vitais de Senna haviam cessado. Ele morreu às 18h42.
Seu corpo deixou o hospital às 21h27 para a realização da autópsia no Instituto Médico Legal de Bolonha, de onde deve seguir hoje para o Brasil.
Centenas de pessoas fizeram vigília no hospital Maggiore, esperando notícias sobre Senna.
No saguão do hospital, torcedores com camisetas do piloto e bandeiras do Brasil aguardavam em silêncio as notícias. Muitas pessoas choravam.
Na reanimação, o irmão do piloto, Leonardo Senna, acompanhava o trabalho dos médicos ao lado da assessora de imprensa de Senna, Beatriz Assumpção, e do amigo Antonio Carlos de Almeida Braga.
Apenas um piloto foi até o hospital depois da corrida, o austríaco Gerhard Berger –que foi companheiro de Senna na McLaren de 90 a 92. Frank Williams, dono da equipe, chegou depois da morte de Ayrton e não deu declarações.
Beatriz disse que a família de Senna não viria à Itália e que os esforços seriam feitos no sentido de trasladar o corpo do piloto o mais rápido possível para o Brasil, provavelmente em um avião de carreira.

Texto Anterior: Diretor inicia operação
Próximo Texto: OS ACIDENTES DE SENNA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.