São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994 |
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Inglês critica `caos' na venda de madeira
SÉRGIO MALBERGIER
Terence Mallinson, que chefia uma organização da indústria voltada à preservação das florestas, reclamou à Folha do "caos" na fiscalização da origem da madeira brasileira e apelou: "Brasil, por favor, resolva a situação". As exportações de madeira do Brasil para o Reino Unido (basicamente mogno) chegam a US$ 40 milhões por ano, diz Mallinson. George Monbiot, ambientalista e professor da Universidade de Oxford, discorda de Mallinson em quase tudo. Só concorda que o governo brasileiro é incapaz de fiscalizar a exportação de madeira. "O Ibama e a Funai dizem coisas diferentes sobre o status da terra. Um diz que ela é terra indígena ou de preservação ambiental, outro que é passível de exploração", afirmou Mallinson. "A Funai e o Ibama recebem um salário do governo para fazer uma coisa e um salário dos madeireiros para fazer o contrário", disse Monbiot à Folha. Questionado se a indústria britânica estaria disposta a financiar uma fiscalização melhor da Amazônia, Mallinson disse que este financiamento já ocorre indiretamente com a compra da madeira. Ele propõe a exigência de um selo ecológico, que ateste a origem legal da madeira. Monbiot duvida das intenções de Mallinson e da indústria de madeira. A organização que ele chefia se chama Forests Forever (Florestas para Sempre), apesar de ser financiada pela indústria madeireira. Monbiot, que pesquisou a Amazônia por três anos e recebeu ameaças de morte de madeireiros, diz que os importadores britânicos "em vez de buscarem fontes limpas, querem legalizar as ilegais". Segundo ele, os importadores assinaram um contrato com a Aimex (Associação de Exportação de Madeira do Pará) exigindo que ela só exportasse madeira legal. Mas a Aimex, segundo Monbiot, cria firmas fantasmas de exploração de madeira para evitar quebra de contrato caso seja flagrada burlando a lei. Monbiot detonou uma violenta campanha no Reino Unido contra a importação do mogno brasileiro em 1991. As importações, de cerca de 100 mil m3 em 89 e 90, caíram para 35 mil m3 no ano passado. Texto Anterior: WALTER CENEVIVA Próximo Texto: Exportador diz respeitar lei Índice |
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